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A missão Solar Orbiter, resultado de uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e NASA, foi lançada no início deste ano com o objetivo de estudar o Sol. Os primeiros dados revelados pela missão já foram liberados, e foram produzidos pelos instrumentos Detector de Partículas Energéticas (EPD), Ondas de Plasma e Rádio (RPW) e Magnetômetro (MAG), mostrando que que o Sol está mesmo em um momento “tranquilo”.
A ideia é que a Solar Orbiter seja uma missão mais “aberta”: “queremos que a missão seja para todo o mundo, não apenas para as equipes que construíram os instrumentos”, diz Yannis Zouganelis, cientista adjunto do projeto da Solar Orbiter. A equipe passou os 90 dias ajustando os dados obtidos pela sonda — um prazo desafiador, principalmente se considerarmos os efeitos causados pela pandemia. E deu certo: “estamos prontos para entregar os dados à comunidade científica, como planejado”, comenta ele.
Essa iniciativa envolve dezenas de pessoas em diferentes equipes e países, onde todos trabalham juntos, como se fosse uma orquestra, para garantir que tudo estará pronto no momento certo: “nós recebemos estes dados brutos e os transformamos em unidades físicas, que podem ser usadas para fins científicos”, explica o cientista. Nessa primeira remessa, o processo de seleção e calibragem dos dados foi feito manualmente, mas estas tarefas deverão ser automatizadas no futuro.
O instrumento MAG tem o objetivo de estudar os campos magnéticos que a nave gera quando seus circuitos e equipamentos são ligados e desligados. Já o instrumento SWA ainda está trabalhando no processamento e calibragem de dados. “Os sensores estão saudáveis, e podemos perceber dos dados que temos que eles são capazes de entregar ótima ciência e realizar os papéis que têm em entregar os objetivos únicos da missão”, diz Christopher Owen, principal investigador do instrumento.
Assim, os dados revelados por três instrumentos da sonda revelaram que o Sol está passando por uma fase “quieta”, mas isso deverá mudar nos próximos anos com o aumento da atividade solar. O MAG mede o campo magnético solar, que está relacionado à atividade do nosso astro, e registrou milhares de medidas da direção e força do campo magnético. Além disso, o MAG também observou ondas causadas pelo fluxo de prótons e elétrons vindo do Sol. Já mais perto da Terra, essas partículas se distribuem de forma mais uniforme no vento solar de partículas carregadas, e a Solar Orbiter também tem fluxos de prótons e elétrons vindos do Sol.
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Por enquanto, já existem dados mais que suficientes dos instrumentos para a comunidade científica trabalhar. Além da publicação dos dados, será publicada também uma edição especial da revista Astronomy and Astrophysics com as descrições da missão e dos instrumentos. “Agora, qualquer cientista de qualquer país pode acessar os dados e utilizá-los para a ciência, e já existem centenas de cientistas trabalhando juntos para analisar estes dados únicos”, finaliza Yannis.
Fonte: Canaltech