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A cidade do Rio entrou no nível de calor 4 (NC4) pela primeira vez desde que o Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo foi implementado pela Prefeitura, no ano passado. É o segundo nível mais crítico na escala, que vai de 1 a 5. 
O nível de calor 4 é acionado quando o índice de calor fica entre 40°C e 44°C, com previsão de permanência ou aumento por, ao menos, três dias consecutivos. Esse índice é calculado com base na temperatura e umidade. A máxima nesta segunda atingiu 44ºC, a mais alta registrada pelo Sistema Alerta Rio desde 2014.
As altas temperaturas acendem um alerta: uma pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio mostra a relação entre calor extremo e aumento de mortalidade, com maior risco para idosos e pessoas com algumas doenças. Realizado pelo Centro de Inteligência Epidemiológica, o trabalho analisou todos os registros de mortes naturais ocorridas entre 2012 e 2024 — mais de 466 mil —, além de mais de 390 mil mortes por causas selecionadas.
Em 18 de novembro de 2023, 151 idosos morreram por causa do calor no Rio de Janeiro. Esse recorde aconteceu quando o índice de calor na capital fluminense ficou acima de 44°C por oito horas, e mostra como o tempo de exposição ao calor tem correlação com a mortalidade, segundo a pesquisa. Na véspera, a estudante Ana Clara Benevides morreu por exaustão térmica durante o show da cantora internacional Taylor Swift.
Para medir de forma mais eficaz a exposição ao calor e os riscos associados, a pesquisa introduz uma métrica inédita, chamada de Área de Exposição ao Calor (AEC).
Essa medida tem o diferencial de contemplar o tempo de exposição ao calor no dia, variável não considerada em outras métricas existentes, como temperatura, sensação térmica e índice de calor. O pesquisador João Henrique de Araújo Morais detalha como essa nova métrica é calculada
“A gente usa o limiar de 36°C de calor. Então a gente vai calculando hora após hora quanto tempo foi essa exposição e o quão grande foi essa exposição. Por exemplo, se a gente estava a 38°C às 6h, então a gente estava há duas horas fora do limiar. Se estava a 40°C às 9h, tava a 4°C acima do limiar. Então a gente vai somando essa quantidade de graus acima do limiar e isso forma o que a gente chama de Área de Exposição ao Calor. Soma não só o quão quente estava, mas também quanto tempo a gente passou exposto a esse alto índice de calor.”
Morais explica que, no dia 18 de novembro de 2023, se alcançou em uma área de exposição ao sol de 117,78°C*h (graus-hora).
“Como é uma coisa que combina tanto o calor quanto o tempo, a unidade de medida dele é graus-hora. É um pouco difícil de comunicar às vezes, de falar 117 graus-hora, mas é essa ideia de ir somando quantos graus a gente passa acima desse limiar, que a gente considera que já é um limiar crítico, que é 36°C, e por quantas horas.”
O resultado do estudo aponta que, quanto mais tempo uma pessoa é submetida ao calor intenso, maior é o risco de mortalidade, em especial para idosos e portadores de doenças como diabetes e hipertensão, além de Alzheimer, insuficiência renal e infecções do trato urinário.
Segundo cálculo da pesquisa, um registro de nível de calor 4, por quatro horas ou mais, está associado a um aumento de 50% na mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes e insuficiência renal entre idosos.
O mesmo aumento de mortalidade foi observado em apenas duas horas de índice igual ou maior a 44ºC, que são as condições que caracterizam o nível de calor 5.
Entre pessoas com 65 anos ou mais, o registro do nível de calor 4 representou ainda um crescimento de 25% nas mortes naturais, nas mortes causadas por doença arterial coronariana e também nas mortes pelas causas selecionadas, que incluem influenza, pneumonia, doenças cerebrovasculares e outras doenças do aparelho circulatório.
O estudo é vinculado ao doutorado do pesquisador João Henrique de Araujo Morais na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fiocruz, e leva a assinatura dos outros membros do grupo.
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Fonte: Agencia brasil EBC..
Tue, 18 Feb 2025 16:55:10 +0000
