Salvo por você estar vivendo sob uma pedra desde o começo de 2020, não há razão que justifique o desconhecimento do “meme do caixão”. Resumidamente, quatro homens africanos executam uma coreografia de dança enquanto carregam um caixão, com música alegre de fundo e trazendo ares festivos ao que normalmente entendemos como uma tradição solene.
O meme vem atraindo público justamente por trazer uma capacidade de fazer brincadeiras com situações relativamente perigosas: um vídeo de parkour que deu errado? Um homem inadvertidamente leva uma pancada mais forte “nos países baixos”? Enfia um corte seco em qualquer software de edição de vídeo e “cole” um clipe dos dançarinos fúnebres e pronto, está feita a piada.
Evidentemente, esse mesmo meme também vem fazendo algumas pessoas mais tradicionalistas torcerem o nariz — é um enterro, afinal de contas —, já que boa parte dos países tendem a compreender “funeral” como uma ocasião solene e soturna, ou seja, o exato oposto de uma festa com danças animadas.
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Mas de onde vem o meme do caixão? Como isso tudo começou? Bom, o Canaltech foi atrás de informações para explicar o fenômeno.
Quem são esses dançarinos?
A primeira coisa a se pensar é quem são e de onde vêm os dançarinos animados dos vídeos? Bom, isso é fácil de responder: eles são pallbearers, um tipo de profissional que não tem uma tradução específica em português, mas é o termo usado em inglês para “carregadores de caixão”. Pense em qualquer enterro que você já tenha comparecido e lembre-se do funcionário do cemitério, responsável por carregar o caixão do velório à sepultura. Sim, eles são exatamente isso.
Mas a diferença não fica só na dança (mais sobre isso a seguir): no Brasil é comum que os carregadores de caixão sejam funcionários do próprio cemitério, mantidos, na maioria dos casos, pela prefeitura municipal. Outros países, no entanto, veem famílias contratarem pessoas para isso. Também é comum ver esses profissionais serem confundidos com “coveiros”, o que é parcialmente verdadeiro: em caso de funcionários públicos, ambas as funções são mescladas, haja vista que o coveiro também cuida da manutenção das lápides, jazigos e sepulturas. Em contratações particulares, porém, as coisas diferem.
No caso dos dançarinos, eles são carregadores privados, contratados pela família do falecido ou falecida. Eles são naturais de Gana, país situado no Golfo da Guiné, África Ocidental. “Liderados” por Benjamin Aidoo, a primeira menção que encontramos sobre ele foi em uma reportagem não muito diferente desta daqui, feita pela BBC internacional em julho de 2007, embora um vídeo feito por um usuário do YouTube — sem o caráter informativo da BBC — tenha ido ao ar em meados de 2015.
Você vai reconhecer os clipes dos memes — todos eles — extraídos do vídeo acima.
Segundo o próprio Benjamin, esse “negócio” começou com um objetivo nobre: aliviar os níveis de desemprego na nação africana. No vídeo acima, o dançarino já contratou mais de 100 pessoas, embora a matéria não deixe claro se foram 100 dançarinos ou outras posições estão contempladas nesse meio.
Uma coisa importante para ressaltarmos: embora o funeral dançante seja mais um negócio do que uma tradição, os enterros ganeses, ao contrário dos nossos, por exemplo, são ocasiões extremamente sociais. Pelo vídeo acima, é possível perceber que a procissão do caixão é acompanhada por centenas, se não milhares, de pessoas. Por aqui, algo assim só ocorre em mortes de celebridades. Nos Estados Unidos, a ocasião tem até um nome: “New Orleans Jazz Funeral”, quando a celebração do morto ou morta é feita de forma alegre, com trompetes e outros instrumentos de sopro, embalados em jazz mais dinâmico.
Tá, mas por que um meme?
Como todo meme, é difícil apontar exatamente para quando surgiu o “meme do caixão” e quando ele viralizou. Ao contrário do “Caneta Azul, Azul Caneta”, que teve um momento específico que, por sorte, começou na internet, pela internet, os dançarinos do caixão de Gana constituem um negócio que existe há pelo menos cinco anos. Em outras palavras: o nosso “meme” pode até ser corriqueiro para eles.
O que pode ter marcado como um episódio inicial dos dançarinos atingirem fama na “memesfera” é um vídeo compartilhado no Facebook em 2019, onde um dos coreógrafos erra o passo e deixa o caixão cair. Tal vídeo obteve milhares de reações e compartilhamentos, e se tem algo pelo que o Facebook é conhecido além dos seus problemas com a privacidade dos usuários é a sua capacidade de viralização.
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Fonte: Canaltech