A corrida pelas vacinas para o novo coronavírus já está criando seus bilionários e gerando uma economia própria. Nesta semana, os fundadores da BioNTech, empresa que trabalha com a Pfizer no desenvolvimento de um dos imunizantes em estágio mais avançado no mundo, entraram para a lista das 500 pessoais mais ricas do mundo após atingirem um patrimônio estimado em US$ 5,2 bilhões.
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Ugur Sahin e Özlem Türeci são médicos e cofundadores da empresa responsável por aquela que é a vacina desenvolvida mais rapidamente da história, com uma eficácia de mais de 90% segundo os testes clínicos mais recentes. Ele atua como CEO e ela é a líder da equipe médica responsável pela produção dos medicamentos da empresa, que já acumula mais de 250% de valorização na Bolsa neste ano — somente nesta semana as ações tiveram alta de 10% depois da notícia de que autoridades de saúde do Reino Unido aprovaram o uso emergencial do imunizante.
Esse movimento fez com que o casal ultrapassasse a barreira do primeiro bilhão em junho para, agora, chegar à lista dos 500 mais ricos do mundo segundo a Bloomberg. O movimento de subida começou com a anúncio da parceria entre BioNTech e Pfizer, no primeiro semestre deste ano. Na época, o acordo foi categorizado por Sahin como o “começo do fim da era da Covid-19”.
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Türeci nasceu na Alemanha e, como Sahin, é de família turca. Ele imigrou para o país aos quatro anos de idade, quando seu pai arrumou um emprego na indústria de automóveis; já ela é filha de um cirurgião, com o gosto pela medicina vindo das histórias contadas pelo pai e das visitas a seus locais de trabalho. Para o CEO, a ideia de seguir a carreira veio após anos envolvido com livros de ciência. Os dois se conheceram na cidade de Colônia enquanto faziam residência em um hospital e finalizavam a universidade.
A BioNTech viria apenas em 2008, mas já em 2001 eles abriram sua primeira empresa, a Ganymed Pharmaceuticals, voltada para a continuidade de pesquisas de anticorpos contra o câncer que eles já estavam desenvolvendo há mais de um ano pela Universidade de Mainz. Histórias publicadas na imprensa contam que, no dia de seu casamento, Sahin e Türeci foram trabalhar no laboratório, saíram para participar da cerimônia e retornaram no dia seguinte, normalmente. A companhia ganhou notoriedade e investimentos milionários, até ser adquirida por US$ 1,4 bilhão pela Astellas Pharma, em 2016.
Em 2008, então, seria fundada a BioNTech, da qual ele é CEO desde então. Türeci permaneceu dirigindo a Ganymed até 2018, fazendo uma jornada dupla como consultora para a empresa do marido, até que, em 2018, assumiu como chief medical officer, trabalhando diretamente no uso de anticorpos e imunoterapia na procura por uma vacina para o câncer. Esse trabalho, inclusive, rendeu novos financiamentos das mesmas fontes que já haviam os apoiado na empresa anterior.
As pesquisas sobre o novo coronavírus começaram em janeiro deste ano, enquanto a parceria com a Pfizer veio em março, colocando a BioNTech e o casal novamente nos holofotes. A agilidade no desenvolvimento do imunizante chegou a ser criticada por órgãos internacionais de saúde, até que vieram as primeiras pesquisas que comprovaram a eficácia da solução. O time de 500 pessoas incialmente trabalhava em uma divisão com nome sugestivo: Projeto Lightspeed.
Os estudos decorrem de outro trabalho feito em parceria com a Pfizer, que em 2018 se associou à BioNTech para criar uma nova vacina para a gripe comum. A pandemia global, entretanto, representou novos desafios aos quais Sahin, Türeci e sua equipe pareciam aptos — os testes com humanos começaram no final de abril e os dois falam com orgulho que, hoje, já existem pessoas imunizadas no mundo por causa de seu trabalho. Segundo colegas, eles comemoraram a marca de 90% de eficácia da vacina com doses de chá turco, mas o sucesso não interrompeu os trabalhos.
Além dos trabalhos na BioNTech, Türeci é presidente da Associação de Imunoterapia contra o Câncer, enquanto Sahin dá aulas de medicina na Universidade de Mainz, cidade onde a sede de sua empresa está localizada. Todos os dias ele vai de bicicleta para o trabalho e afirma não ter o costume de checar as ações da empresa, comumente sabendo de valorizações ou notícias como a inclusão de seu nome na lista dos mais ricos do mundo pela imprensa. O casal, entretanto, não costuma dar entrevistas, preferindo manter a discrição sobre qualquer coisa que não esteja relacionada ao próprio trabalho.
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Fonte: Canaltech