Seria muito fácil dizer logo de cara os dois grandes problemas óbvios de Grand Theft Auto: The Trilogy – The Definitive Edition: os bugs e as escolhas artísticas de qualidade muito questionáveis — inclusive, já separamos os mais engraçados aqui no Canaltech. No entanto, no meio de tanto caos, a coletânea remasterizada com GTA III, GTA Vice City e GTA San Andreas traz pontos que valem a pena serem destacados.
O Canaltech testou GTA: The Trilogy no PlayStation 4, com uma cópia digital cedida gentilmente pela Rockstar Games. O jogo também está disponível para Xbox One, PC e Nintendo Switch, sendo possível jogar via retrocompatibilidade no PlayStation 5, Xbox Series X e Xbox Series S. A remasterização de GTA: San Andreas, aliás, está no catálogo do Xbox Game Pass.
No geral, os gráficos passaram por boas melhorias. Mas, infelizmente, estamos falando de um caso de “uma benção e uma maldição”. Ao mesmo tempo que temos locais e situações em que os gráficos são exuberantes e contam com reflexos de encher os olhos, há horas em que tudo se perde.
Muitas vezes, na iluminação padrão do game, há momentos em que é impossível enxergar qualquer coisa e as sombras ficam parecendo o vácuo espacial de tão pretas. Aumentei o brilho no máximo e deixei o contraste quase no mínimo para tentar resolver. No entanto, tudo ficou muito cinzento e com bastante serrilhados.
Isso se acentua de forma diferente em cada game. GTA 3 tem um tom mais frio e sóbrio, então sofre um pouco menos. Já os neons de Vice City reforçam os contrastes e iluminam mais tudo, enquanto San Andreas, mais uma vez, é o que mais sofre com isso.
Outro detalhe recorrente são as distorções nos braços e nos pescoços. É normal ver os corpos dos personagens totalmente deformados nas bicicletas ou motos, além de algumas viradas de cabeça dignas do filme O Exorcista. É curioso que esses bugs acontecem mais quando os personagens estão de regatas e mangas longas.
Dirigindo meu carro
Em tradução livre, Grand Theft Auto significa “Grande Roubo de Carros”, mas a Definitive Edition literalmente rouba toda a lógica dos veículos, seja das bicicletas ou dos barcos. Cada game tem seus problemas específicos, mas há dois problemas que a trilogia compartilha.
O primeiro é que a alta velocidade de controle dos carros e motos não faz sentido, tornando as missões de perseguição e corridas algo muito chato, principalmente aquelas em que você não consegue derrotar o alvo no percurso, só no ponto final. O outro é que eles explodem muito rápido, gerando momentos muito frustrantes em que você acabou de capotar o veículo e, no mesmo segundo que a animação de fogo aparece, o veículo já explode na sequência.
No pacotão da trilogia, a pior direção ficou com o GTA III. A sina da Rockstar de ter uma péssima dirigibilidade em Liberty City se manteve, lembrando muito as ruas de sabonete e as curvas nada sutis, que capotam ou derrapam muito fácil, dos carros em GTA IV.
Tiro pra todo lado
A troca de armas ganhou um recurso adicional que facilita muito a vida nos intensos tiroteios com gangues e policiais. Antes, só era possível alternar entre as armas passando uma por uma. Para resolver isso, os desenvolvedores tomaram a ótima decisão de implementar o arsenal em roleta de GTA V.
A mira também foi refeita, mas para algo que não ficou tão bom assim. Antes, para alternar de alvo, bastava apertar um botão, mas agora é preciso mover o analógico para isso. Mesmo que trave na vítima, a mira é um pouco truncada. Além disso, depois que o inimigo morre, ela não muda para o alvo seguinte e fica pairando no ar.
Outro ponto criticável aqui são os sinalizadores de mira. No PS2, setinhas apontavam e circulavam onde a bala atingiria o oponente. Já na geração seguinte e no PC, uma única seta em cima do alvo fazia essa função muito bem e de forma até mais clara. Agora, temos só o círculo que não é lá essas coisas.
Em San Andreas, quando miramos, o NPC fica com uma silhueta branca, mostrando que “sim, você vai atacar este boneco”. A função não aparece em GTA 3 e em Vice City, o que é mais problemático. Quando se ataca personagens com armas brancas (facas, tacos etc), é preciso encaixar a posição do protagonista e ainda da câmera para conseguir atingi-lo. Se ele correr de você então, boa sorte, pois essas lutas em movimento são péssimas.
Afinal, GTA: The Trilogy vale a pena?
Dito tudo isso, é bem fácil perceber o quão problemático estão os jogos. Dentre todos eles, o que menos sofre é o Vice City. Fica a sensação que este game foi remasterizado primeiro, e que os códigos das adições e melhorias foram “colados” nos outros dois jogos.
Se você não jogou esses games no passado, infelizmente, a experiência de Definitive Edition vai fazê-lo questionar “como as pessoas gostam tanto disso?”. Se você é um fã de longa data, a sensação é de que colocaram uma C4 em toda sua nostalgia e explodiram antes mesmo de você se preparar para isso.
Pelo fato da Rockstar ter removido as ótimas versões anteriores das lojas virtuais, só vai ter uma boa experiência com as versões anteriores quem já comprou no passado. É triste e bem frustrante dizer que não vale a pena comprar as versões atuais, nem no preço cheio entre R$ 299,90 e R$ 320 e muito menos em uma promoção. Salve um caso improvável de comprar tudo por R$ 20, o que ainda é um pouco questionável porque há jogos melhores por esse preço por aí.
Agora, só resta torcer para que a desenvolvedora conserte os múltiplos problemas no futuro, para realmente entregar uma versão definitiva e que seja melhor do que as antigas, ou simplesmente coloque as outras de volta nas lojas.
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Fonte: Canaltech