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Review Controle Access | Joystick acessível impressiona pela versatilidade

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Demorou décadas, mas a indústria dos jogos finalmente passou a olhar com mais atenção para pessoas com deficiência. Foi apenas nesta geração que a acessibilidade se tornou um questão a ser encarada e trabalhada por estúdios e fabricantes, seja com opções que facilitam o acesso a esses games ou com o lançamento de controles e periféricos que tornam a vida desse público um pouco mais fácil na hora de jogar. E o novo controle Access, do PlayStation 5, é uma dessas novidades tão bem-vindas.

Com um design totalmente modular, o recém-lançado acessório da Sony chega às lojas com a proposta de resolver um dos principais desafios quando o assunto é acessibilidade. Afinal, como projetar um aparelho capaz de atender uma gama quase infinita de necessidades dos usuários, que pode ir desde dificuldades motoras até ausência de membros e coisas do tipo?

A solução encontrada foi trazer um joystick que se adeque a cada uma dessas realidades individuais. Esse é o maior trunfo do Access, já que ele foi projetado para ser montado e desmontado de diferentes maneiras, se ajustando àquilo que o usuário precisa e da forma como deseja. E é impressionante ver como ele consegue atender a tudo isso — ainda que com alguns pequenos poréns.


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Design

Não há como negar que o design é a coisa mais chamativa do Access — e também a mais inteligente. Nessa missão de substituir o DualSense e entregar um controle que possa ser usado por pessoas com diferentes tipos de deficiência, a Sony optou por um desenho um pouco diferente e fora do habitual, mas que funciona perfeitamente bem ao que ele propõe.

O joystick se apresenta como uma espécie de disco rodeado de pequenos botões. O formato é pensado para facilitar que pessoas com mobilidade reduzida, por exemplo, possam acessar as teclas com facilidade. Ao mesmo tempo, todos os nove botões presentes (são oito circunscrevendo o disco e um na parte central) são grandes e conseguem ser pressionados com o mínimo de esforço ou dificuldade.

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Access aposta em design simplificado para garantir o máximo de acessibilidade aos jogadores (Imagem: Durval Ramos/Canaltech)

O segredo, porém, está na variedade de opções com que esse disco se apresenta. Mais do que trazer esses botões ao alcance de qualquer pessoa, o diferencial do Access é a possibilidade de personalizar essa configuração de diferentes maneiras. Cada um dos botões e até mesmo a alavanca analógica podem ser retirados e substituídos por outras opções que acompanham o controle.

É isso que faz com que o joystick seja tão versátil e interessante. Ele conta com cinco opções de botões com formatos variados que podem ser acoplados à estrutura principal. Precisa de uma tecla maior para ser pressionada com pouca pressão? Tem. Precisa de um botão com um pouco mais de profundidade para encaixar melhor nos dedos? Tem também. Precisa de um analógico com uma pegada maior? Você pode optar por uma alavanca estilo arcade, por exemplo.

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Grande destaque está na possibilidade de personalizar o controle e trocar suas peças com facilidade (Imagem: Durval Ramos/Canaltech)

E toda essa troca é muito simples de ser feita. As teclas são acopladas de forma magnética, o que faz com que elas fiquem bem presas à estrutura central, sem escapar durante a jogatina. Só que, ao mesmo tempo, elas não criam barreiras na hora de serem substituídas, já que a troca não exige força ou acessórios complementares: basta um pouco mais de pressão do jeito certo para fazer a retirada.

O kit básico do Access contém 19 botões dentro da caixa, além de três opções de analógico — número o suficiente para criar um número quase infinito de combinações. Até porque mapear o controle é bastante simples e há a possibilidade de armazenar diferentes perfis dentro de um mesmo joystick. Além disso, a Sony liberou instruções para que a própria comunidade crie outros formatos de botões a partir de impressoras 3D, o que deve torna o controle ainda mais interessante.

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Access é quase do mesmo tamanho do DualSense (Imagem: Durval Ramos/

Apesar de toda essa versatilidade, o Access é bem pequeno. Ele tem apenas 141 mm de largura por 191 mm de profundidade e somente 39 mm de altura. Esse tamanho ainda pode variar um pouco, já que é possível regular a distância do analógico dos demais botões em alguns centímetros para oferecer mais conforto ao jogador. Ao todo, o controle acessível do PS5 pesa 322 gramas.

Conectividade e compatibilidade

Embora seja algo mais do que óbvio, é um pouco triste pensar que um controle tão versátil e interessante quanto o Access seja exclusivo do PlayStation 5, não funcionando em PCs ou em outros consoles. Ele foi desenhado e pensado apenas para o videogame de atual geração, não rodando nem mesmo no PS4.

Posto isso, ele funciona muito bem dentro do PS5. Assim como o DualShock, ele também se conecta ao console via Bluetooth, dispensando o uso de fios e toda aquela gambiarra que envolve periféricos — sim, estou falando de você PlayStation VR2. É só conectar o controle ao videogame uma única vez via cabo USB-C para fazer o pareamento e pronto.

Ele também possui quatro entradas auxiliares de 3,5 mm — a nossa popular P2 — que podem ser usadas para conectar outros acessórios de acessibilidade, como pedais e botões extras. A LogiTech anunciou que vai lançar um kit desses em parceria com a Sony no início de 2024.

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Configuração do layout do Access é simples e bastante intuitivo (Imagem: Captura de Tela/Canaltech/Durval Ramos)

De qualquer forma, o destaque aqui fica para o quanto o Access é fácil de ser configurado. A fazer a primeira conexão ao sistema, o PS5 imediatamente abre um guia que é bem detalhado e que explica não só cada uma das funções do novo joystick — incluindo como trocar as peças — como também mostra todas as possibilidades de ajustes existentes.

É aqui que a gente vê de verdade como a versatilidade não é uma palavra vazia no conceito do joystick. Não se trata apenas de ser um controle com botões maiores ou simplificados para a pessoa com deficiência. Na verdade, o jogador pode mapear a configurar o Access da forma que desejar, inclusive pensando em diferentes tipos de jogos.

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É possível criar até três perfil de layout dedicados a jogos ou gêneros específicos (Captura de Tela/Canaltech/Durval Ramos)

O controle possui um sistema de Perfis em que é possível armazenar até três layouts diferentes e alternar entre elas com o apertar de um botão. Se você é um fã de jogos de luta, pode criar uma definição voltada para esse gênero. Mas se quiser pular para um game de corrida ou mesmo algo mais voltado para a ação, pode só trocar o perfil e pronto.

Parece algo banal, mas é o tipo de coisa que faz toda a diferença na vida do usuário. Afinal, ele não vai perder as definições anteriores, da mesma forma que não fica preso a um único estilo. É isso que faz com que a ideia de infinitas combinações não seja um simples exagero.

Além disso, o Access pode ser usado em conjunto com outros controles, sejam eles outro controle de acessibilidade ou mesmo um DualSense. Isso é fundamental para ampliar as possibilidades, seja ao criar alternativas para quem precisa de um auxílio menor ou para quem possui alguma deficiência que exija mais botões ou ajustes mais específicos.

Bateria

Assim como o DualSense, o PlayStation Access também funciona à base de bateria. Tirando a conexão inicial via USB-C, ele é um dispositivo inteiramente wireless e impressiona a duração de sua bateria.

Como ele não traz alguns dos recursos adicionais do DualSense, como o motor de vibração e os gatilhos adaptativos, a autonomia do controle é sensivelmente bem maior. Enquanto o joystick padrão do PlayStation 5 tem carga para suportar entre 12 e 15 horas de jogo, o Access dura mais do que o dobro disso.

Tanto que, em nossos testes, não foi preciso recarregar a bateria em nenhum momento, mesmo após dias de jogo contínuo.

Experiência de uso

Apesar de todas essas tecnicidades serem muito interessantes, a prova de fogo para um controle focado na acessibilidade é justamente o seu uso. Para isso, contamos com o apoio de duas pessoas com diferentes tipos de deficiência, que testaram o Access e o que ele é capaz de oferecer.

O primeiro teste foi realizado com Gabriel Borsoi, um jogador com reumatismo crônico que possui mobilidade reduzida nos dedos por causa das dores. Segundo ele, usar o DualShock ou o DualSense por períodos um pouco mais prolongados é algo muito complicado e foi justamente isso que focamos nos testes do Access.

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Com as configurações certas, é possível transformar o Access em um mini controle arcade (Imagem: Durval Ramos/Canaltech)

Jogador competitivo de Street Fighter, focamos o teste no game da Capcom e o joystick acessível se saiu muito bem tanto ao substituir o controle tradicional quanto para resolver a questão das dores. Os diferentes botões e analógicos que acompanham o kit básico foram o suficiente para transformar o Access em um “mini controle arcade”, com direito à manopla de controle e botões de fácil acesso e rápida resposta.

Com exceção da dificuldade de lembrar o posicionamento dos botões em um primeiro momento, a adaptação foi bem simples e não demorou para que os combos saíssem com facilidade e sem forçar demais os dedos. Tanto que, após horas de teste — o suficiente para que as dores aparecessem no DualSense, conforme o próprio Borsoi nos descreveu —, a jogatina terminou sem que ele sentisse as dores comuns do controle tradicional.

No caso, o Access foi configurado para que o jogador fizesse o menor movimento possível das mãos durante as partidas. Como o controle é pequeno, a mão espalmada era o suficiente para alcançar todos os botões, então bastava o mínimo de pressão em um ou outro dedo para realizar o golpe desejado.

O único porém neste primeiro teste foi justamente o tamanho diminuto do controle. Por ser esse “mini arcade”, a ergonomia acabou sendo prejudicada. Manter o Access no colo não é a melhor das alternativas e, mesmo com a possibilidade de regular a distância do analógico, os movimentos mais intensos fizeram com que ou o controle saísse do lugar ou a própria alavanca soltasse.

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Facilidade de trocar os botões e alterar o layout permite mudança simples de jogos (Imagem: Duval Ramos/Canaltech)

Já o segundo teste buscou ser um pouco mais amplo. Para isso, contamos com a ajuda de um outro jogador com um tipo de deficiência diferente. Samuel Martins tem uma má formação no braço direito, o que faz com que ele tenha apenas a mão esquerda para jogar. Ainda assim, se habituou a usar o DualShock 4 normalmente, seja para mergulhar em jogos de ação e RPG ou para surrar este que vos escreve em Mortal Kombat.

Assim, testamos diferentes configurações do Access para ver qual se encaixava melhor às suas necessidades e ao seu estilo de jogo. Foi quando percebemos o quanto apenas um único kit do controle acessível pode não ser o suficiente para o jogador.

Em um primeiro momento, usamos apenas um joystick para testar games como Assassin’s Creed: Mirage e Demon’s Souls. Nos dois casos, a existência de apenas um único analógico atrapalhou bastante a experiência, assim como a falta de alguns botões impossibilitou o avançar em determinados momentos.

Embora o Access tenha 10 botões personalizáveis (8 circunscrevendo o disco, o botão central e o botão do analógico), esse número não é suficiente para substituir todos os 16 do DualSense e, por mais que alguns jogos permitam que você abra mão de alguns, outros vão mostrar que um único controle não é o suficiente. Por aqui, foi impossível avançar em Assassin’s Creed sem controlar a câmera e, em Demon’s Souls, a falta do D-Pad impede alternar entre itens e armas rapidamente, o que virou uma dor de cabeça.

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Na prática, um único Access não dá conta da jogatina e precisa ser usado em conjunto com o DualSense ou outro controle de acessibilidade (Imagem: Duval Ramos/Canaltech)

Uma solução para isso é usar um segundo Access. Neste caso, realmente temos os 16 botões disponíveis e até alguns a mais para você configurar combinações, por exemplo. Só que há um custo um tanto pesado para isso, já que cada kit do controle custa R$ 599, o que significa que a experiência completa sai por R$ 1200.

Uma saída mais econômica é usar o próprio DualSense, fazendo com que o Access seja apenas um complemento de acessibilidade ao controle. No caso de Martins, essa foi a melhor configuração encontrada, já que mantinha ainda a familiaridade do joystick que ele está habituado a usar e trazia botões que ele acessava facilmente com o braço direito.

Só que vale uma curiosidade: apesar de reconhecer que esse uso conjunto de controles tenha funcionado muito bem, ele optou por seguir jogando com o DualSense como sempre fez. Isso porque, apesar das vantagens trazidas pelo Access, a questão ergonômica fez toda a diferença.

Segundo Samuel, o controle tradicional permite que ele se sente no sofá como quiser para jogar. Já no caso do Access, ele ficava limitado a uma posição específica para manter o joystick no colo — e que, assim como no caso de Gabriel, ainda insistia em cair em alguns momentos. Além disso, alcançar os botões exigia um movimento muito maior do ombro e do próprio corpo, quase como se ele precisasse buscar o botão mais à frente em um esforço que não existia no DualShock/DualSense.

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Access possui três pontos de fixação na parte inferior, permitindo que ele seja colocado em estruturas para dar mais estabilidade (Imagem: Durval Ramos/Canaltech)

É importante deixar claro aqui que, em nosso teste, não usamos estruturas específicas para acoplar o PlayStation Access. O acessório conta com entradas na parte inferior que permitem que ele seja fixado em uma mesa, por exemplo, o que pode oferecer mais estabilidade para o jogador. Só que isso só é possível quando o usuário conhece suas necessidades específicas, o que não foi possível em nossos testes um pouco mais generalistas.

Por isso mesmo que a questão ergonômica parece ter aparecido de forma tão presente nos dois testes. Tanto Gabriel quanto Samuel apontaram a dificuldade de manter o controle estável no colo e, no caso do segundo, esse esforço de acessar os controles apareceu com mais força. Talvez com uma estrutura mais personalizada isso seja minimizado — apesar de limitar a ideia de sentar como quiser no sofá, como o próprio Martins pontuou.

Vale a pena?

Não há como negar que o Access é um passo importantíssimo para uma parte da comunidade que sempre foi excluída do mercado. Como o próprio nome deixa claro, o novo controle do PlayStation 5 foca em acessibilidade acima de tudo, entregando um design versátil e capaz de se adequar a diferentes tipos de realidades. E isso é mesmo impressionante e louvável.

A ideia de criar um acessório altamente personalizável funciona muito bem. Em todos os cenários testados e até aqueles apenas imaginados, o Access conseguiu atender às necessidades exigidas e entregar uma experiência de jogo mais do que competente, inclusive em games que exigem mais precisão ou rápida resposta dos controles.

Ele é facilmente ajustado tanto na parte física quanto na configuração dos botões dentro do sistema do PS5 — algo fundamental para um gadget cuja proposta é a liberdade para trocar peças e alterá-lo a todo o instante. Mais do que isso, permite que o jogador tenha total autonomia para fazer isso, independente de sua deficiência, um detalhe que parece pequeno, mas que faz toda a diferença. É sobre dar o controle para essas pessoas em todos os sentidos.

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Nível de personalização é o grande trunfo do Access (Imagem: Divulgação/Sony)

Todos esses acertos, no entanto, não isentam o Access de carregar alguns pequenos poréns. E o principal deles é o de não substituir por completo o DualSense. A quantidade limitada de botões faz com que o joystick só funcione perfeitamente bem em conjunto com outro conjunto de acessibilidade ou com um controle tradicional ao lado. E, levando em conta que estamos falando de um acessório que custa R$ 599, precisar de um segundo kit torna o custo total duas vezes mais caro.

A possibilidade de usar o DualSense junto com o Access é realmente um ponto muito positivo, mas que mostra como o controle básico ainda é mais completo — ao ponto de que até pessoas com deficiência que já se acostumaram com ele podem preferir jogar à moda antiga.

Não por acaso, nossos convidados chegaram à mesma conclusão: os dois reconheceram as vantagens que o Access oferece em termos de acessibilidade, mas ambos se sentem mais confortáveis no controle convencional. Seja por já estarem familiarizados com os botões e suas configurações — a memória muscular pesou bastante em vários momentos — ou por questões de ergonomia e conforto, eles não viam por que mudar.

Isso não nega, contudo, os acertos da Sony com seu novo periférico. As novas possibilidades que a empresa abre e a parcela de jogadores que ela abraça com o Access é imensa e mostra como, acima de tudo, está no caminho certo.

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Fonte: Canaltech