Em 2019, a SpaceX lançou o foguete Falcon Heavy com algumas cargas científicas interessantes a bordo. Entre elas, estava o satélite GPIM, com o combustível “verde” chamado AF-M315E, da NASA. Agora, a Ball Aerospace, líder da missão, comunicou que o satélite vem realizando os testes necessários e já demonstrou de forma satisfatória a eficiência do propelente, que poderá ser utilizado em missões espaciais no futuro.
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O veículo Green Propellant Infusion Mission — ou apenas GPIM — está nas últimas semanas de seus testes em órbita para demonstrar a funcionalidade deste novo propelente. Trata-se de um líquido cáustico que, apesar de precisar de manejo especial antes do lançamento, “conseguiu o que motivou sua criação”, explica Brian Marotta, controlador de determinação de altitude da missão e líder de controle da Ball Aerospace and Technologies Corp., empresa que construiu o veículo.
O GPIM se separou do Falcon Heavy em uma órbita circular a cerca de 720 quilômetros acima da Terra. Depois de estender seus painéis solares e passar por uma breve checagem preliminar do seu estado, o satélite iniciou as demonstrações do sistema de propulsão. Uma das suas primeiras manobras era descer até a órbita terrestre baixa a mais de 500 km de altura da Terra; essa manobra foi escolhida, pois, caso houvesse algum problema, o GPIM sairia de órbita naturalmente em até 25 anos.
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Felizmente, os experimentos tiveram resultado satisfatório e demonstraram que o combustível poderá ser usado em satélites que irão orbitar a Terra ou em missões mais avançadas espaço afora. Clara Skelly, representante da NASA, comunicou que a GPIM já iniciou as últimas queimas em seu propulsor para reduzir sua altitude para cerca de 180 quilômetros acima da Terra. Essas manobras deverão se encerrar no final de agosto e o GPIM deverá voltar para casa dentro de algumas semanas.
A fórmula “verde”
O principal objetivo dessa missão era testar o combustível AF-M315E. Trata-se de um propelente que poderá substituir a hidrazina, substância utilizada nos sistemas de propulsão de satélites convencionais que pode emitir gases tóxicos. O novo propelente é considerado “verde” por alguns motivos: ao contrário do que ocorre com a hidrazina, os técnicos poderão carregá-lo na nave sem a necessidade de trajes especiais de proteção contra vazamentos tóxicos, pois não haverá emissões nocivas. Além disso, o AF-M315E é mais denso e viscoso do que a hidrazina.
Na prática, isso significa que mais do propelente pode ser utilizado em um tanque de mesmo volume, o que confere melhora na performance do sistema de propulsão da nave. “Se eu comparar isso a um sistema de hidrazina monopropelente, temos 50% mais impulso disponível. Isso ocorre principalmente por causa da densidade”, explica Chris McLean, principal investigador da missão GPIM. Assim, foi possível abastecer o tanque com 50% mais da substância, o que significa também 50% mais desempenho para a nave.
Na verdade, a fórmula do AF-M315E foi criada em 1998, mas só foi testada agora porque exige uma temperatura altíssima para se inflamar. “A tecnologia verde oferece o grande benefício de não ser perigosa em comparação à hidrazina, e acredito que essa pode ser uma opção muito atrativa, principalmente para satélites menores produzidos por empresas menores que podem não ter os recursos necessários para o manejo da hidrazina”, finaliza Marotta.
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Fonte: Canaltech