Diante de controle nos números de casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2), vários países e regiões estão reabrindo comércios e flexibilizando o isolamento social. Inclusive, trabalhadores retomam aos escritórios e alguns estudantes têm data marcada de retorno às escolas e universidades. No entanto, essas medidas são realmente seguras? Nem sempre, já que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu “evidências emergentes” de transmissão pelo ar da COVID-19. Isso significa que são necessários mais cuidados em ambientes fechados.
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Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (7), a especialista da OMS, Benedetta Allegranzi, afirmou que a transmissão aérea “é uma possibilidade entre os modos de transmissão” do novo coronavírus. No começo desta semana, em carta aberta à OMS, 239 cientistas de 32 países pediam o reconhecimento do “potencial significativo” de propagação pelo ar do vírus.
De acordo com o texto dos cientistas, o coronavírus pode se propagar de forma diferente em ambientes fechados, onde uma gotícula contaminada pelo vírus pode viajar “dezenas de metros”. Inclusive, essa distância é muito maior em ambientes fechados e sem ventilação, do que em áreas abertas.
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“Existe um potencial significativo de exposição por inalação a vírus em gotículas respiratórias microscópicas (microgotas) a curtas e médias distâncias (até vários metros, em ambientes fechados e sem ventilação), e defendemos a utilização de medidas preventivas para mitigar esta via aérea de transmissão”, afirmaram pesquisadores sobre a importância do alerta da OMS.
Máscaras em ambientes fechados?
Segundo o grupo, “sem qualquer dúvida” os vírus são liberados durante a exalação, conversa e tosse em microgotas suficientemente pequenas para permanecerem no ar, representando risco de exposição a distâncias superiores a 2 metros de um indivíduo infectado. Ou seja, uma pessoa com a COVID-19, ainda assintomática, poderia transmitir o vírus para outras, sem mecanismos de proteção, como máscaras.
De acordo com a carta, publicada na página da Sociedade de Doenças Infecciosas da América, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, uma gota de 5 micrômetros [cada micrômetro equivale a 1 milionésimo de metro ou à milésima parte do milímetro] viajará dezenas de metros em ambientes fechados, distância essa que é muito maior do que em ambientes abertos, e pode chegar a uma altura de 1,5 metro do chão.
É por isso que, em ambientes fechados, a lavagem das mãos, o distanciamento social de 2 metros são “apropriados, porém insuficientes para fornecer proteção contra microgotas respiratórias portadoras de vírus liberadas para o ar por pessoas infectadas”.
Dessa forma, o grupo de cientistas ainda alerta: “Na nossa avaliação coletiva, existem provas mais do que suficientes para que o princípio da precaução seja aplicado. A fim de controlar a pandemia, enquanto se aguarda a disponibilidade de uma vacina, todas as vias de transmissão devem ser interrompidas”.
Medidas necessárias
Para a presença segura em ambientes fechados, o grupo aponta para a importância de “ventilação suficiente e eficaz” através da entrada de ar limpo e sempre que possível minimizando a recirculação, feita por equipamentos de ar-condicionado, “particularmente em edifícios públicos, ambientes de trabalho, escolas, hospitais e lares de idosos”.
Quando possível, os cientistas também sugerem a troca da ventilação via ar-condicionado por exaustores e filtros de ar de alta eficiência, além de luzes ultravioleta germicidas. Ainda sugerem que se evite aglomeração de pessoas, incluindo os transportes e edifícios públicos, por causa desse risco de contaminação aérea do coronavírus.
“Tais medidas são práticas e muitas vezes podem ser facilmente implementadas; muitas não são dispendiosas. Por exemplo, passos simples como a abertura de portas e janelas podem aumentar dramaticamente as taxas de fluxo de ar em muitos edifícios”, complementam os cientistas na carta aberta.
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Fonte: Canaltech