Para controlar casos de infecções causadas pela bactéria resistente Clostridium difficile, as autoridades de saúde do Reino Unido começam a recomendar o transplante fecal como tratamento. Apesar do nome, o paciente que é submetido ao procedimento não recebe as fezes de um doador, mas, sim, as bactérias do “bem” presentes no cocô de quem doou a amostra.
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A recomendação oficial do transplante de microbiota fecal foi anunciado pelo Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (Nice, na sigla em inglês) nesta semana. Só estão aptos a passarem pelo procedimento pacientes que tiveram dois ou mais quadros de diarreia provocados pela bactéria.
Com a atual recomendação — que ainda é restrita para a população britânica —, o Nice espera realizar entre 450 e 500 transplantes fecais apenas na Inglaterra. A medida deve gerar economia no orçamento da saúde pública local, já que irá reduzir o uso de antibióticos.
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Como é feito o transplante fecal?
Vale explicar que o transplante da microbiota fecal é feito através de diferentes procedimentos, como uma endoscopia. Isso significa que as bactérias são introduzidas no paciente pelo nariz ou pela boca. Também é possível que os médicos optem por uma colonoscopia (através do ânus) ou com pílulas preparadas em laboratório.
Existe o tratamento no Brasil?
No Brasil, transplantes de bactérias presentes nas fezes são considerados um tratamento experimental, segundo apuração da rede BBC. Em outras palavras, somente são feitos quando outras opções já reconhecidas não geraram o resultado esperado.
Solução contra resistência de bactéria aos antibióticos
A Clostridioides difficile não é uma simples bactéria. Este agente infeccioso é considerado uma bactéria resistente — popularmente, é uma superbactéria — e tende a se manifestar após o uso excessivo ou incorreto de antibióticos por parte dos pacientes, o que permite a seleção de cepas que não respondem aos tratamentos convencionais.
“O uso deste tratamento [transplante fecal] também ajudará a reduzir a dependência de antibióticos”, explica Mark Chapman, diretor de tecnologia médica do Nice, sobre a recomendação. “E isso, por sua vez, permite diminuir os riscos de resistência antimicrobiana”, completa.
Para além da C. difficile, a resistência antimicrobiana está entre as principais causas de morte no mundo, segundo a Pesquisa Global sobre Resistência Antimicrobiana (Gram). Pelo menos 1,2 milhão de pessoas morreram, oficialmente, em 2019 como resultado direto dessas infecções. Com a pandemia da covid-19, estes números podem estar ainda mais elevados.
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Fonte: Canaltech