Para as comemorações de 200 anos da Independência do Brasil, o coração de Dom Pedro I voltará pela primeira vez ao país e, de forma inédita, esta relíquia será exibida publicamente em solo nacional. O que pouca gente sabe é que o coração e o corpo do primeiro imperador do país não foram preservados juntos por uma vontade dele próprio.
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Em vida, um dos últimos pedidos de Dom Pedro I foi de que o seu coração fosse preservado na cidade do Porto, em Portugal, onde recebeu apoio quando precisou nos seus últimos dias. Enquanto isso, o corpo é mantido há anos na cidade de São Paulo.
Chegou hoje a Brasília, para o bicentenário da Independência do Brasil, o coração embalsamado do imperador Dom Pedro I. O órgão, que nunca havia deixado Portugal desde a morte do monarca em 1834, pousou na Base Aérea de Brasília em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). pic.twitter.com/BvbvFzw6LV
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Por que o coração de Dom Pedro I foi separado do seu corpo?
Para ser preciso, a Igreja de Nossa Senhora da Lapa guarda o coração de Dom Pedro I há 187 anos em um recipiente de vidro, embebido em formol. Buscando garantir a segurança da relíquia, uma urna de madeira, com cinco chaves, adiciona uma nova camada de segurança, de acordo com a Irmandade da Lapa.
Apesar da inusitada ideia de se dividir em dois, esta foi a vontade do próprio imperador que morreu em consequência da tuberculose — doença causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Diferente da época do imperador, hoje existem vacinas que são aplicadas em crianças, como a BCG, e também remédios específicos (antibióticos). Com isso, a mortalidade desta doença caiu de forma significativa.
Antecedentes históricos da decisão
Vale lembrar que, em abril de 1831, Dom Pedro I precisou abdicar do trono brasileiro, deixando o posto para o seu filho — o futuro Dom Pedro II —, e retornou para a Europa. De volta a sua terra natal, ele travou uma batalha com seu irmão D. Miguel para garantir que a coroa portuguesa voltasse a ser de sua filha Maria da Glória — a primogênita.
Nas batalhas que travou contra D. Miguel, o apoio da população do Porto foi decisivo e, ao lado deles, venceu o seu irmão, restituindo o trono a sua filha. Mais tarde, ela chegou a ser coroada como Maria II. No entanto, pouco tempo depois, no dia 24 de setembro de 1834, D. Pedro I contraiu a tuberculose e morreu, deixando como último pedido que o seu coração fosse preservado junto àqueles que o ajudaram.
O corpo do imperador está enterrado no Museu do Ipiranga
Se o coração de Dom Pedro I está na cidade do Porto, não se pode dizer o mesmo de seu corpo. Desde 1972, os despojos do imperador são mantidos na Cripta do Monumento à Independência. Esta é uma parte do Museu do Ipiranga, localizada na cidade de São Paulo.
Inclusive, o local está a poucos metros do local onde o então príncipe regente teria dado o suposto — e mítico — Grito da Independência, no dia 7 de setembro de 1822. O próprio monumento retrata a cena que foi imortalizada em pinturas.
Bicentenário da Independência no Brasil
No dia 22 de agosto, o coração de Dom Pedro I retornou ao solo brasileiro e, segundo o Planalto, a relíquia está recebendo as mesmas honras de Estado dispensadas a chefes de outras nações em visita ao país. Isso em respeito ao homem que foi responsável por declamar a independência do Brasil.
Agora, entre os dias 25 de agosto e 5 de setembro, o coração do primeiro imperador brasileiro poderá ser visto pelo público. Para manter a segurança do órgão, ele será mantido em uma sala climatizada e estará sob a vigilância da Polícia Federal (PF). No dia 7 de setembro, o símbolo estará em um evento, ao lado de outros chefes de Estado convidados, homenageando o Dia da Independência.
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Fonte: Canaltech