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Musgo do deserto resiste à radiação e pode sobreviver em Marte

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Musgo do deserto resiste à radiação e pode sobreviver em Marte - 1

Para a humanidade colonizar e explorar outros planetas, será necessário aprender como criar habitats autossuficientes fora da Terra, com plantas. Pensando na atmosfera de Marte, pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências descobriram um candidato ideal: o musgo do deserto da espécie Syntrichia caninervis. Este é um especialista em sobreviver a condições extremas, como o excesso de radiação.

A espécie de musgo do deserto é uma “candidata promissora para colonizar ambientes extraterrestres, estabelecendo a base para a construção de habitats humanos biologicamente sustentáveis ​​além da Terra”, afirmam os pesquisadores chineses, em nota.

Inclusive, a equipe sugere que essa planta pode ser ainda mais resistente aos ambientes extremos, como a superfície de Marte, que os tardígrados. Estes são animais microscópicos conhecidos por serem quase “imortais”. Ambos os organismos usam a desidratação extrema como estratégia de sobrevivência.


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Fungo do deserto muito resistente

O musgo do deserto S. caninervis se espalha por inúmeros países do Hemisfério Norte, como Estados Unidos, Rússia e China, além da Antártida, como é possível ver no mapa a seguir:

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Por resistir à radiação, musgo do deserto pode, possivelmente, sobreviver em Marte, segundo estudo chinês (Imagem: Li et al, 2024/The Innovation)

Entre os desertos e zonas áridas em que o musgo pode ser encontrado, está o deserto de Gurbantunggut, na China (imagem B). De forma natural, pode ser identificado em estado desidratado (C) ou hidratado (D). Também sobrevive em regiões de neve, com temperaturas negativas.

Por essa capacidade do musgo de sobreviver a condições ambientais extremas, os pesquisadores chineses decidiram testar os limites da espécie em laboratório, simulando a atmosfera do planeta vermelho.

Testes simulados de Marte

Nos testes descritos na revista The Innovation, os cientistas chineses testaram a taxa de sobrevivência do musgo do deserto em diferentes condições.

As plantas foram armazenadas a uma temperatura -80 °C (em um freezer ultrafrio) por 3 e 5 anos e a -196 °C (em um tanque de nitrogênio líquido) por 15 e 30 dias. Após todas essas situações, o musgo conseguiu se regenerar quando foi descongelado. Entretanto, as plantas desidratadas fizeram isso mais rápido.

Em relação aos altos níveis de radiação gama (forma de radiação eletromagnética de alta frequência que é geralmente produzida por elementos radioativos), o musgo do deserto resistiu a doses de 500 Gy. Em humanos, 50 Gy já são suficientes para causar a morte. Diante desses resultados, os autores afirmam que “a S. caninervis está entre os organismos mais tolerantes à radiação conhecidos”.

Agora, para simular o ambiente marciano, os pesquisadores criaram um cenário de teste com as seguintes características:

  • Ar quase totalmente composto por CO2 (95%);
  • Temperaturas que oscilam entre -60 °C a 20 °C;
  • Altos níveis de radiação;
  • Baixa pressão atmosférica.

Quando expostos a essa simulação de Marte, todos os musgos secos conseguiram se regenerar 30 dias após o fim do experimento, com duração máxima de sete dias. Novamente, as plantas hidratadas levaram mais tempo para se restabelecerem.

“Embora ainda haja um longo caminho a percorrer para criar habitats autossuficientes em outros planetas, demonstramos o grande potencial de S. caninervis como uma planta pioneira para crescimento em Marte”, afirmam os pesquisadores.

Idealmente, as próximas etapas de pesquisas devem avaliar se o musgo cresceria na superfície de Marte ou mesmo da Lua. Entretanto, não há nenhuma previsão para realizar esse experimento nos próximos anos.

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Fonte: Canaltech