Duas cientistas brasileiras, Livia Luz e Luisa Coelho, do laboratório Muotri da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), enviaram recentemente um experimento para a Estação Espacial Internacional (ISS) com o objetivo de investigar os efeitos da microgravidade no cérebro humano. O experimento consiste em organoides cerebrais, também conhecidos como minicérebros, que são recriações em laboratório de redes neurais humanas.
O projeto tem como objetivo entender como a microgravidade afeta o desenvolvimento do cérebro humano e quais as possíveis consequências para astronautas que passam longos períodos no espaço. Os minicérebros foram enviados em três cargas separadas, totalizando quase 3 toneladas de material de pesquisa, através de um foguete lançado pela empresa americana SpaceX em novembro.
Os estudos anteriores já revelaram que as células neuronais envelhecem mais rápido no espaço, avançando o equivalente a dez anos em apenas um mês. No entanto, após retornarem à Terra, essas células conseguem se regenerar apenas parcialmente. Portanto, compreender esse processo de envelhecimento cerebral e seus mecanismos pode levar a importantes descobertas, especialmente no combate a doenças relacionadas ao envelhecimento celular, como o autismo e o Alzheimer.
O laboratório Muotri tem sido pioneiro nesse campo de estudo, realizando diversos experimentos com os minicérebros. Além disso, eles também reproduziram o cérebro dos neandertais, uma espécie humana extinta há milhares de anos, abrindo novas possibilidades para a neuroarqueologia.
O líder do laboratório, Alysson Muotri, que é neurocientista brasileiro, também está se preparando para embarcar em uma missão espacial até o final de 2024. Ele foi convidado por astronautas da NASA para realizar experimentos neurocientíficos na ISS e será o primeiro cientista brasileiro a ir para o espaço.
Embora a missão seja liderada pelos Estados Unidos, Muotri tem se esforçado para que o Brasil também participe do projeto. Ele já teve conversas com representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e chegou a se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, recentemente foi informado de que o orçamento para o projeto foi reduzido, tornando incerto o envolvimento do Brasil.
Apesar disso, Livia Luz, uma das cientistas envolvidas no experimento, expressou sua vontade de representar o Brasil na missão espacial. Caso não seja possível, ela está disposta a participar da aventura mesmo representando outro país.
O trabalho dessas cientistas brasileiras é fundamental para avançarmos no conhecimento sobre os efeitos da microgravidade no cérebro humano. Suas descobertas podem levar a avanços significativos no tratamento de doenças neurológicas e a um melhor entendimento dos desafios enfrentados por astronautas durante viagens espaciais de longa duração.