Betelgeuse é uma estrela supergigante vermelha que chama a atenção dos astrônomos há muito tempo por estar nos estágios finais de sua vida. Localizada a 640 anos-luz de distância, na constelação de Orion, ela fornece aos astrônomos uma oportunidade para estudar como as estrelas morrem.
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De onde vem o nome de Betelgeuse?
Há algum debate sobre a origem do nome e sua pronúncia. Conta-se que Betelgeuse veio do árabe yad al-jawzā, que significa algo como “a mão do guerreiro do centro”, porém, durante a idade média, uma tradução para o latim trocou a letra “y” por “b”. Depois, um linguista usou essa corruptela para afirmar que o nome original seria Bait al-Jauza.
Ele também declarou que Bait significa braço, em árabe, o que não é o caso. Mesmo assim, o nome com a grafia “Betelgeuse” foi oficialmente aprovado pela União Astronômica Internacional (IAU) em junho 30, 2016.
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Também há problemas com a pronúncia. Enquanto alguns prefiram “Beetlejuice”, como o personagem interpretado por Michael Keaton no filme de Tim Burton de 1988, astrônomos preferem pronunciar um “G” mais suave, como “BEH-TEL-GUHZ” ou com um “G” duro, como BEH-TEL-JUHZ.
Qual o tamanho de Betelgeuse?
Se você encontrar a constelação de Órion, o Caçador, no céu (basta localizar as Três Marias, que formam o cinturão de Orion), não terá muita dificuldade em achar Betelgeuse — ela é uma das mais brilhantes do céu e a segunda maior na região de Órion, perdendo apenas para a gigante azul Rigel.
Também conhecida como Alpha Orionis, Betelgeuse é um caso curioso no que diz respeito às nomenclaturas. Acontece que as estrelas com nomes que começam com “Alpha” são sempre as mais brilhantes de suas constelações, mas este não é o caso da constelação de Orion, cuja estrela mais brilhante é Rigel.
Existem muitos motivos para cientistas se interessarem tanto pela Betelgeuse. Um deles é que se trata de uma variável semirregular, ou seja, o brilho da estrela oscila de tempos em tempos, entre 0,2 e 1,2 de magnitude aparente no céu noturno.
Essa variação tem períodos irregulares, mas há algum padrão: normalmente, seus ciclos de brilho duram cerca de 420 dias. Isso foi descoberto na década de 1830, e mais tarde os astrônomos compreenderam que isso acontece porque a estrela se expande e se contrai dentro desse período.
Sua luminosidade real (a magnitude aparente mede o brilho que enxergamos aqui da Terra) é em torno de 13.000 vezes a do Sol. Então, às vezes supera outras estrelas, como Rigel, enquanto também pode enfraquecer até ficar em vigésimo lugar no “ranking” das mais brilhantes.
Por fim, seu diâmetro é estimado entre 860 e 910 milhões de km, tamanho comparável à órbita de Júpiter ao redor do Sol.
Betelgeuse pertence a uma classe comum
Embora pareça muito especial, Betelgeuse pertence à classe M, uma das mais comuns entre as estrelas da sequência principal na vizinhança do nosso Sol. Essa classe é composta principalmente por anãs vermelhas, de luminosidade fraca.
Apesar disso, muitas das maiores supergigantes na Via Láctea também são estrelas M, como VV Cephei, Antares e a própria Betelgeuse. A cor vermelha indica que elas são frias (em relação às amarelas e azuis); a temperatura da superfície de Betelgeuse é de 6000 F.
O nome completo de sua família é M1-2 Ia–ab; o sufixo “Ia-ab” significa que é uma supergigante de luminosidade intermediária.
Betelgeuse está morrendo
Embora seja relativamente nova, com idade entre 8 a 8,5 milhões de anos, Betelgeuse já apresenta sinais de “velhice”. É que a estrela evoluiu rapidamente e está no final de seu ciclo de fusão atômica em seu núcleo. Em breve (talvez daqui a alguns milhares de anos), ela cessará a fusão nuclear e iniciará seu processo de colapso.
Quase todo o hidrogênio (o primeiro elemento a servir de “combustível” para uma estrela) já se esgotou no núcleo da Betelgeuse. Os astrônomos ainda não sabem ao certo seu estágio evolutivo, mas é provável que esteja fundindo hélio em carbono e oxigênio.
Entre o final de 2019 e o início de 2020, o brilho de Betelgeuse diminuiu significativamente. Isso chamou a atenção de muitos astrônomos — e também da mídia e do público —, com certa expectativa de que ela estivesse prestes a explodir em supernova. Esse evento ficou conhecido como o “Grande Escurecimento”.
Hoje, sabemos que ela não estava explodindo. Seu brilho diminuiu em 2019 devido a uma grande nuvem de plasma expelida pela própria estrela, de modo semelhante às ejeções de massa que ocorrem na atmosfera externa do nosso Sol.
A diferença é que a supergigante vermelha ejetou cerca de 400 bilhões de vezes mais matéria do que uma explosão no Sol. A ejeção de massa naquela ocasião foi várias vezes maior que a nossa Lua. Todo esse plasma se tornou uma nuvem de poeira à medida que se esfriava, bloqueando a luz da estrela.
Os astrônomos não esperam uma explosão de supernova tão cedo, já que o brilho da Betelgeuse voltou ao normal. Ele ocorrerá em um futuro próximo em escalas cósmicas, mas pode demorar muito tempo em escala humana. De qualquer forma, será uma oportunidade única de observar esse fenômeno relativamente de perto (se a humanidade ainda estiver por aqui).
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Fonte: Canaltech