Cientistas da Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos Estados Unidos, conseguiram recriar uma bebida alcoólica de 2.500 anos atrás, com base em uma descoberta arqueológica na Alemanha — é um tipo de hidromel bastante antigo, cujos restos puderam ser coletados de um caldeirão enterrado junto a uma figura importante da Idade do Ferro.
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A descoberta do álcool antigo aconteceu no ano 2000, quando Bettina Arnold, arqueóloga e antropóloga da universidade americana, escavava um sambaqui — um túmulo construído em um montículo de terra — em um sítio arqueológico no sul germânico, em uma região chamada Suábia. Estima-se que o local tenha sido erigido entre os séculos VII a.C e V a.C., e o esqueleto presente já estava há muito decomposto, dada a alta acidez do solo.
Levando o copo até o túmulo
Como o túmulo trazia um elmo, duas longas lanças e espada de ferro, suspeita-se que tenha sido o local de descanso de um homem. O maior tesouro não era composto pelas armas, no entanto, mas sim pelo grande caldeirão de bronze, utilizado para guardar hidromel. O item comportava 14 litros de álcool, o que, segundo a crença da época, poderia ser usado para elevar o status do sujeito no além-túmulo ao nível que ocupava em vida.
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Um resíduo escuro no fundo do recipiente revelou, em análise laboratorial, seu conteúdo exato — uma bebida alcoólica baseada em mel, com traços de duas ervas utilizadas para aprimorar o sabor, filipêndula e menta. Isso sugere a presença de braggot, um tipo de hidromel baseado em cinco ingredientes: cevada, menta, mel, filipêndula e levedura.
Como é o gosto do hidromel milenar?
Mais de 20 anos depois da descoberta, então, os cientistas responsáveis buscaram recriar a bebida milenar com a ajuda de uma cervejaria local. O resultado, alertam os recriadores, não é algo que agrade as massas dos dias atuais. É uma bebida potável, certamente, mas mais azeda do que o que estamos acostumados, descrita como “um vinho do Porto seco, suave e agradável, mas com um acentuado sabor de ervas, mentolado e definitivamente alcoólico”.
Nota-se, é claro, que a versão “moderna” da bebida é mais limpa do que a pré-histórica, mas ainda surpreende pelo sabor diferenciado. Seguindo com a descrição, a bebida presenteia o paladar primeiro com a menta, seguida do doce da filipêndula, com o mel mal aparecendo no sabor, já que vira álcool quase que por completo. O teor alcoólico ficou em mais de 8%. Embora adicionar mais mel no final da fabricação pudesse tornar o braggot mais palatável, os cientistas decidiram deixar a receita original prevalecer.
No final das contas, os cervejeiros responsáveis acreditam que uma bebida como essa não venderia nos dias de hoje, dispensando uma fabricação, mas ressaltam o caráter tecnológico que temos atualmente pelo poder de recriar uma receita tão primitiva.
Como outros pesquisadores ainda não analisaram a técnica de fabricação, não há um trabalho científico publicado sobre o caso, então não é possível definir a precisão da recriação.
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Fonte: Canaltech