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Cientistas identificam centro universal da linguagem no cérebro

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Cientistas identificam centro universal da linguagem no cérebro - 1

Neurocientistas descobrem que a mesma área do cérebro é utilizada para o processamento de linguagem em dezenas de línguas faladas diferentes, ativando o que agora se chama “rede universal de linguagem” no órgão. O centro de processamento linguístico já havia sido estudado exaustivamente, mas apenas em falantes de inglês.

Agora, mais de 45 línguas de 12 famílias linguísticas diferentes foram estudadas em relação à área que ativam no cérebro quando ouvidas por um falante nativo. Alguns exemplos são japonês, português, suaíli, armênio, tagalog e vietnamita. Os cientistas responsáveis pelo estudo são do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e da Harvard University, nos Estados Unidos, e da Carleton University, no Canadá.

Os centros de processamento cerebral para 45 línguas de 12 famílias linguísticas diferentes são os mesmos, segundo o estudo (Imagem: twenty20photos/envato)
Os centros de processamento cerebral para 45 línguas de 12 famílias linguísticas diferentes são os mesmos, segundo o estudo (Imagem: twenty20photos/envato)

Línguas, cérebros e estudos

Descobrir uma região usada para o processamento de linguagem de forma generalizada possibilita a realização de outros estudos analisando potenciais diferenças entre línguas e famílias linguísticas, como a forma com que são implementadas no cérebro. Falantes de línguas tonais, por exemplo, como o mandarim, mudam o sentido de palavras através da mudança de tom (línguas tonais). O inglês, anteriormente estudado, não é uma língua tonal, e é provavelmente processado de forma diferente no cérebro.


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Publicado no dia 18 de julho na revista científica Nature Neuroscience, o estudo abarcou dois falantes nativos de cada língua, escaneando seus cérebros enquanto realizavam tarefas cognitivas relacionadas. O método utilizado foi o de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI), que monitora o fluxo de sangue oxigenado pelo cérebro.

Células ativas no órgão precisam de mais energia e, por consequência, oxigênio, então a tecnologia fornece dados indiretos acerca da atividade cerebral. Durante os exames, os participantes ouviam trechos de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, em sua língua nativa. Eles também ouviram gravações na mesma língua, mas distorcidas até ficar incompreensíveis, e versões lidas em línguas que não conheciam.

Mapa probabilístico do cérebro: áreas vermelhas são as que mais acendem ao ouvir a língua nativa, e as mais claras, quando ouvimos uma língua desconhecida (Imagem: Malik-Moraleda et al./Nature Neuroscience)
Mapa probabilístico do cérebro: áreas vermelhas são as que mais acendem ao ouvir a língua nativa, e as mais claras, quando ouvimos uma língua desconhecida (Imagem: Malik-Moraleda et al./Nature Neuroscience)

Além disso, eles tiveram de realizar tarefas relacionadas à memória e resolver problemas matemáticos. Os resultados mostraram que ouvir a língua nativa ativava os mesmos centros cerebrais de todos os participantes, e os trechos incompreensíveis, em outras línguas e as tarefas matemáticas e de memória não ativaram a rede de linguagem do cérebro. Isso se confirmou em todas as 45 línguas testadas.

Em falantes nativos de inglês, as áreas do cérebro que se ativam durante o processamento da linguagem ficam majoritariamente no hemisfério esquerdo do cérebro, primariamente no lobo frontal (atrás da testa) e no lobo temporal (logo atrás dos ouvidos). A atividade cerebral dos participantes se manteve nesses mesmos lugares ao longo dos experimentos.

Algumas variações pequenas na atividade cerebral surgiram em comparações individuais entre falantes de línguas diferentes, mas ela também está presente entre falantes de inglês. Embora não sejam exatamente surpreendentes aos cientistas, os resultados constroem uma base sólida para estudos e demonstrações futuras, especialmente em comparações mais específicas e profundas entre línguas de famílias diferentes.

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Fonte: Canaltech