Um buraco negro devorou uma estrela e disparou jatos relativísticos em algum canto do universo bem longe da nossa galáxia — o suficiente para se tornar a refeição de um buraco negro mais distante já observada pelos astrônomos. A descoberta só foi possível porque os jatos estavam apontados para nossa direção.
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Quando uma estrela se aproxima demais de um buraco negro, a força gravitacional intensa começa a despedaçá-la, esticando sua matéria como se fosse um espaguete. É um processo sem volta. Embora ainda não tenha caído no horizonte de eventos (o ponto de onde nem a luz pode escapar), a estrela é destroçada.
Este evento, chamado AT2022cmc, foi detectado em fevereiro deste ano pelo ZTF, um sistema autônomo que rastreia e extrai informação de fenômenos incomuns no universo na luz visível. Então, os cientistas apontaram vários telescópios do mundo para observar a fonte de radiação em outros comprimentos de onda.
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Foram muitos comprimentos de onda encontrados na radiação liberada pelo evento, desde raios gama a ondas rádio, além da própria luz visível. Isso foi possível porque o jato estava apontado para nossa direção (embora sem nenhuma ameaça), algo bem raro de se encontrar.
A vantagem de ter um jato em direção à Terra é que, desse modo, seu brilho é muito mais intenso, possibilitando observá-lo nos seus diferentes comprimentos de onda e calcular melhor sua distância. Isso levou a equipe a calcular que o buraco negro se alimentou quando o universo tinha apenas um terço da sua idade atual, ou seja, cerca de 4 bilhões de anos.
Para obter esse resultado, a equipe precisou coletar dados com 21 telescópios diferentes e comparar as informações com modelos teóricos de vários tipos de eventos extremos conhecidos — como o colapso de estrelas e explosões de quilonovas.
O único cenário que explicava os dados obtidos um fenômeno chamado “disrupção de maré”, que é quando um buraco negro devora uma estrela esticando-a como a um chiclete. Outros eventos de disrupção de maré foram observados antes, mas estes ocorreram bem mais próximos de nós e sem jatos apontados em nossa direção.
Astrônomos procuram constantemente estes eventos extremos para compreenderem melhor como esses jatos são formados, como ganham tanta energia e por que são poucas as disrupções de maré lhes formam. Essa foi a primeira vez que esse tipo de evento foi detectado por luz visível, então os astrônomos devem investir ainda mais em ferramentas como o ZTF.
Essa pesquisa foi publicada na revista Nature.
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Fonte: Canaltech