Enquanto você lê este texto, o seu corpo está exposto a alguns tipos de radiação. Afinal, radiação é o nome que damos às ondas eletromagnéticas ou partículas que viajam pelo espaço — com velocidade e energia elevadas —, podendo penetrar vários materiais e produzir efeitos sobre eles. Por exemplo, a luz solar é parte da radiação à qual somos expostos diariamente.
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Só que antes de explorar os possíveis efeitos nocivos da exposição à radiação, é preciso entender quais tipos, de fato, trazem consequências para o corpo humano. Por exemplo, as radiações não ionizantes, como as das ondas de rádio, TV e celular, micro-ondas e de raios solares têm baixa frequência e baixa energia. Por isso, não entram naquilo que conhecemos como “A radiação”.
São as radiações ionizantes — como raios-X, fótons gama, partículas alfa, beta, pósitrons, nêutrons ou prótons — que são conhecidas por suas capacidades de afetar a saúde. Inclusive, “o risco de câncer proveniente dessa exposição depende da dose, da duração da exposição, da idade em que se deu a exposição e de outros fatores como, por exemplo, a sensibilidade dos tecidos frente aos efeitos carcinogênicos da radiação”, destaca o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
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Isótopos e a radiação
Em acidentes nucleares, como o acidente de nuclear de Chernobyl, a explosão da usina nuclear na cidade espalhou diversos isótopos, como o cobalto 60 e o estrôncio 90. Obviamente, são átomos radioativos e podem causar sérios danos ao organismo humano, dependendo da exposição. No entanto, isótopos são mais comuns do que se costuma imaginar.
Todos os elementos da tabela periódica têm isótopos. E muitos destes isótopos também podem emitir radiação, ou seja, ondas ou partículas de alta energia. Na verdade, muitos isótopos e elementos radioativos ocorrem naturalmente no meio ambiente, onde estão as plantas, o solo e a água. Dessa forma, quando uma pessoa come ou bebe, ela pode absorver pequenas quantidades de isótopos radioativos.
De acordo com o professor associado de ciência nuclear e engenharia do MIT, Michael Short, as maiores fontes de radiação em nossos corpos são traços de carbono 14 e potássio 40. Embora constituam a maior parte da radiação do organismo, absorvemos apenas 0,39 miligramas de potássio 40 e 1,8 nanogramas de carbono 14 por dia. Por exemplo, a quantidade de radioatividade causada dentro do corpo humano é comparável a 1% da dose de radiação que as pessoas receberiam em um vôo de Boston a Tóquio, ilustra Short.
“A maioria desses radioisótopos [isótopos radioativos] chega ao nosso corpo por meio dos alimentos que comemos, da água que bebemos e do ar que respiramos”, explicou o professor. Além disso, determinados alimentos têm maiores concentrações de isótopos radioativos, como a banana. Esta fruta contém uma pequena quantidade de potássio 40. Já a castanha do Pará carrega o rádio. No entanto, a quantidade presente nos alimentos que uma pessoa comum consome não aumenta significativamente os riscos à saúde relacionados à radiação, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
Na verdade, fatores ambientais são muito mais perigosos para o corpo e nem é necessário chegar a casos extremos, como acidentes nucleares. “Por exemplo, as pessoas que vivem em porões não ventilados com grandes quantidades de granito, contendo muito rádio, absorvem muito mais radônio e isótopos filhos”, afirma Short. O radônio é um gás radioativo e inodoro, presente naturalmente no meio ambiente.
“Nós evoluímos em um ambiente radioativo, incluindo o potássio 40 [o mesmo da banana] onipresente desde a criação do sistema solar”, completa Short sobre a exposição muito mais comum à radiação do que se costuma imaginar.
Afinal, qual a quantidade segura de radiação no organismo humano?
De acordo com a UNSCEAR — secretariado das Nações Unidas responsável pela padronização de medidas de radioproteção —, o corpo humano é exposto, de forma natural, a uma radiação de 2,4 mSv (milisieverts) por ano. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão brasileiro responsável por medidas de radioproteção, o limite anual de exposição é de 3,4 mSv por ano.
Por exemplo, 1mSV de “excesso” poderia contemplar 50 radiografias de tórax, ou mais de duas mamografias, sem que haja aumento de risco carcinogênico nem desenvolvimento de sintomas. No entanto, o cenário muda quando uma pessoa é exposta a doses acima de 0,2 a 0,5 Sv. Nesses casos, a pessoa pode apresentar diversas patologias de pele na área atingida, como perda de pelos, bolhas, queimaduras e necrose, e apresentar sintomas como náusea, vômito e diarreia, além de potencial carcinogênico induzido por excesso de radiação.
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Fonte: Canaltech