Imagem de Julio César Velásquez Mejía por Pixabay
O Hospital Universitário da Ufma (HU-Ufma), gerido pela Empresa de Serviços Hospitalares (Ebserh), está entre os cinco centros de referência no Sistema Único de Saúde (SUS) que participam do Projeto Endometriose Brasil: Programa de aprimoramento profissional para diagnóstico e tratamento da doença. Essa iniciativa, realizada em parceria com o Ministério da Saúde e a Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), tem como objetivo estabelecer uma linha de cuidado com equipes regionais especializadas no diagnóstico e tratamento abrangente da endometriose.
A última etapa desse projeto aconteceu nos dias 19 e 20 deste mês, com a tutoria da cirurgia. Profissionais da BP visitaram o HU-Ufma para acompanhar as cirurgias realizadas pela equipe do hospital, além de discutir casos cirúrgicos, ministrar aulas e visitar as enfermarias.
A capacitação dos médicos e enfermeiros do HU-Ufma foi parte fundamental desse projeto. Os profissionais participaram de duas viagens a São Paulo, onde puderam acompanhar cirurgias, atendimentos ambulatoriais e o pós-operatório das pacientes. A ideia é que essas equipes se tornem referência na abordagem integral da endometriose, contribuindo para diminuir o tempo de diagnóstico e oferecer um tratamento mais efetivo.
Segundo Marina Andres, médica ginecologista e coordenadora de Ginecologia do Proadi Endometriose, o projeto tem focos específicos para diferentes níveis de atenção à saúde. Na Atenção Básica, a capacitação dos profissionais busca agilizar o diagnóstico e encaminhamento das mulheres com maior rapidez, já que muitas pacientes demoram anos para receber um diagnóstico preciso. Nos centros especializados, como o HU-Ufma, a capacitação se concentra na realização de exames de imagem para diagnóstico e mapeamento da doença, bem como na melhoria dos procedimentos cirúrgicos.
A endometriose é uma doença prevalente, afetando cerca de 10 a 15% das mulheres. O tratamento, principalmente o cirúrgico, é complexo e nem todos os hospitais estão preparados para lidar com essa condição. Por isso, projetos como esse são essenciais para ampliar o acesso ao tratamento de qualidade em todo o país.
O cirurgião ginecológico João Beltrão ressaltou a importância dessa capacitação para a equipe do HU-Ufma. Além de atualizar os conhecimentos dos profissionais, o projeto permitiu que eles tivessem contato com especialistas reconhecidos internacionalmente e acompanhassem suas técnicas, contribuindo para aprimorar a qualidade das cirurgias realizadas no hospital.
Danielle Orlandi, chefe da Unidade de Saúde da Mulher do HU-Ufma, destacou que esse intercâmbio também ajudou a identificar pontos de melhoria no serviço oferecido pelo hospital. O HU-Ufma é o único hospital no Maranhão que trata a endometriose profunda pelo SUS, uma condição que causa dor crônica e pode trazer riscos à vida das pacientes. Participar desse projeto possibilitou a troca de experiências e o aprimoramento do tratamento oferecido.
Além do HU-Ufma, outros hospitais vinculados à Ebserh também participaram desse programa, como o Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam), o Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT), a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac) do Complexo Hospitalar da UFC e o Hospital da Mulher Maria Luzia Costa dos Santos, na Bahia.
A endometriose é uma condição em que as células do tecido que reveste o útero se movimentam para os ovários ou para a cavidade abdominal, onde se multiplicam e sangram. Essa doença causa diversos sintomas, como cólicas menstruais intensas, dor durante as relações sexuais, dificuldade para urinar e evacuar, fadiga e infertilidade. O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos, laboratoriais e de imagem, e o tratamento pode envolver medicamentos e cirurgia.
É importante ressaltar que apenas médicos e cirurgiões-dentistas habilitados podem realizar diagnósticos e prescrever tratamentos. Portanto, é fundamental buscar orientação médica em caso de suspeita de endometriose.
Fontes:
– Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul
– Associação Brasileira de Endometriose
– Dr. Dráuzio Varella
– Sepaco Autogestão
