Na medicina, alguns agentes infecciosos são conhecidos por aumentarem o risco de outras doenças, como o câncer, mesmo anos depois da infecção original. Este é o caso do Papilomavírus Humano (HPV) — um vírus que é bastante comum na população brasileira, mas que nem sempre se manifesta, através de suas verrugas características.
- Vacina do HPV reduz até 90% dos casos de câncer de colo de útero
- Vacina do HPV | Veja quem pode tomar o imunizante no SUS
Analisando a literatura científica, a pesquisadora Flávia de Miranda Corrêa, da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede (Didepre) do Instituto Nacional de Câncer (INCA), explica que o HPV é o vírus com mais associações ao câncer descritas pela medicina. São pelos menos seis tipos de câncer. Apesar disso, a vacina ainda é pouco procurada no Brasil, mesmo quando a aplicação é gratuita.
Tipos de câncer associados ao HPV
Para entender o cenário, em mulheres, o HPV é o principal causador do câncer de colo de útero — também conhecido como câncer cervical —, além das associações com os cânceres na vulva e vagina. Nos homens, cerca de metade das neoplasias de pênis surgem a partir de uma infecção pelo vírus. Em ambos, a infecção Sexualmente Transmissível (IST) é associada com quadros de câncer de garganta (orofaringe) e de ânus.
–
CT no Flipboard: você já pode assinar gratuitamente as revistas Canaltech no Flipboard do iOS e Android e acompanhar todas as notícias em seu agregador de notícias favorito.
–
Dando zoom em um desses tipos de tumor, cerca de 80% dos casos de câncer de colo de útero são associados com uma infecção prévia pelo HPV. Entre os sorotipos mais comuns do vírus relacionados a essa neoplasia, estão os HPV-16 e HPV-18. Ambos são responsáveis por 70% desses tumores. Além deles, os tipos 31, 33, 45, 52 e 58 causam aproximadamente 15% dos cânceres.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o tumor no colo do útero é uma das principais causas de morte entre mulheres em todo o mundo. Considerando apenas os dados das Américas, a cada ano, 35 mil mulheres morrem em decorrência da doença. Desses óbitos, mais da metade das pacientes tem menos de 60 anos.
Toda infecção por HPV causa câncer?
Apesar do risco elevado entre o HPV e o câncer, não é toda infecção que gera a doença obrigatoriamente. No mundo, a estimativa é que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial entre em contato com algum sorotipo do HPV ao longo da vida.
A questão é que, na maioria dos casos, a infecção é controlada pelo próprio sistema imunológico do paciente, regredindo alguns meses após o contágio. Em outros casos, as verrugas da infecção são tratadas com a ajuda de medicamentos. No entanto, o risco maior está nas lesões não tratadas, o que favorece o aparecimento do câncer.
Vacina contra o HPV no Brasil
Como o HPV é considerado um tipo de IST, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde, através do Sistema Único de Saúde (SUS), é que o público-alvo seja imunizado antes do início da vida sexual, o que aumenta as chances de proteção contra o vírus.
Por isso, a vacina é gratuita para para meninos e meninas de 9 a 14 anos, em um esquema de duas doses, em todo o país. Além disso, alguns pacientes imunossuprimidos podem receber a vacinação através do SUS.
Vacina do HPV protege contra quais sorotipos?
Para a imunização contra o HPV, existem diferentes tipos de vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no país. Quem toma o imunizante no SUS recebe a vacina tetravalente — esta protege contra os sorotipos do HPV 6, 11, 16 e 18, sendo que os dois últimos são os principais causadores de câncer.
Na rede particular, chegou recentemente a vacina nonavalente, conhecida pelo nome comercial de Gardasil 9. Neste caso, a imunização protege contra nove diferentes sorotipos do HPV (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58).
Baixa procura pela vacina contra HPV no Brasil
Independente do tipo da vacina, a busca por imunização contra o HPV é baixa no Brasil. Por exemplo, dados da OPAS indicam que, em 2021, apenas 37% dos adolescentes do sexo masculino foram imunizados contra o vírus no país. Conforme prevê o Programa Nacional de Imunizações (PNI), a meta é imunizar 80% desse público-alvo.
Camisinha protege contra o HPV?
Diferente do que prega o senso comum, as camisinhas e os preservativos não protegem contra o HPV, sendo a vacinação a forma mais eficaz de proteção contra essa infecção relacionada ao risco aumentado de câncer.
Afinal, “a camisinha protege só o pênis [na maioria dos modelos]. Ela não vai cobrir a bolsa escrotal, não vai cobrir o ânus, e não vai impedir o contato da pele com a pele”, explica a pesquisadora Corrêa para a Agência Brasil. Aqui, diferente do HIV, por exemplo, a transmissão deste vírus se dá pelo contato da mucosa, mas também da pele infectada.
Mais infecções associadas ao câncer
Vale dizer que, na ciência, o HPV não é o único patógeno relacionado com o risco aumentado para o câncer. Além deste agente infeccioso, os vírus da Hepatite B e C podem desencadear o câncer de fígado e leucemia. Enquanto isso, o vírus Epstein-Barr (EBV) pode evoluir para linfomas e carcinoma nasofaríngeo. Por fim, a bactéria Helicobacter pylori é associada aos cânceres de estômago, esôfago, fígado e pâncreas.
Trending no Canaltech:
- Entenda a trend do Império Romano que se espalhou pelas redes sociais
- Google tem enigma que libera faixas de novo álbum de Taylor Swift
- Primeiro salmão vegano impresso em 3D chega aos supermercados europeus
- Concorrente do Twitter, Bluesky chega a 1 milhão de usuários
- IA generativa Adobe Firefly é lançada para todos
- 😱 OFERTA ÚNICA | Galaxy S22 Ultra atinge preço excepcional para estudantes
Fonte: Canaltech