As imagens produzidas por deepfakes mexem com a imaginação e perturbam observadores menos atentos. Elas podem ser engraçadas, quando o rosto de algum famoso aparece no corpo de outra pessoa, mas também criminosas, quando associam alguém a situações comprometedoras. Agora, os cientistas da Universidade de Washington, nos EUA, alertam para um problema ainda maior: imagens falsas de satélites, que chamaram de “FakeGeo”.
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As imagens da chamada “geografia falsa” são geradas por Inteligência Artificial capaz de mudar paisagens urbanas, alterar relevos, o curso de rios e qualquer outro elemento que faça parte do ambiente fotografado.
“Essas imagens podem enganar de várias maneiras. Podem ser usadas para criar boatos sobre incêndios florestais ou inundações, ou para desacreditar histórias baseadas em imagens reais de satélite”, explica o professor Bo Zhao.
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Falso x Verdadeiro
O software utilizado para gerar as imagens falsas de satélite é muito mais simples do que aqueles usados para adulterar vídeos de celebridades. É que resoluções baixas e ampliações sem qualidade das imagens de satélite se tornam convincentes com maior facilidade.
“Como a maioria das imagens de satélite são geradas por profissionais ou governos, o público geralmente prefere acreditar que são autênticas”, diz o professor Zhao.
A falta de conhecimento geográfico mais profundo e a disseminação descontrolada de fake news fazem com que seja mais difícil identificar imagens adulteradas de regiões distantes ou pouco habitadas.
Problema para os militares
Integrantes das forças armadas também estão apreensivos com o uso de imagens adulteradas de satélite. Em 2019, os militares americanos levantaram questões práticas sobre problemas de segurança que poderiam ser causados com a utilização da geografia falsa.
“Imaginem um cenário em que o software de planejamento militar é enganado por dados falsos que mostram uma ponte em um local incorreto. Então, você treina suas forças para seguir uma determinada rota, em direção a uma ponte, mas ela não está lá”, explica o analista da Agência de Inteligência Geoespacial Americana, Todd Myers.
Todd lembra também que os campos de detenção de Uighur, na China, só foram descobertos graças a evidências reais de fotografias tiradas de satélites, o que prova a importância de se manter o sistema livre de qualquer tipo de contaminação por imagens falsificadas.
Contra-ataque
Durante os estudos sobre geografia falsa, a equipe do professor Zhao criou um software capaz de gerar deepfakes de satélites, usando o mesmo método de Inteligência Artificial que é facilmente encontrado na internet.
A partir daí, eles desenvolveram um outro programa para detectar falsificações com base em texturas, contraste e cor das paisagens. “Nós mostramos que é possível criar uma vacina para a geografia falsa, mas como qualquer ferramenta de detecção, ela precisa de atualizações constantes”, completa o professor Zhao.
A ideia agora é desenvolver novas ferramentas que consigam verificar a veracidade das imagens em tempo real, além de aumentar a conscientização de que essa é uma ameaça de fato que, literalmente, não respeita fronteiras.
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Fonte: Canaltech