Conhecida principalmente pelos notebooks e celulares que desenvolve, a Positivo Tecnologia foi fundada em 26 maio de 1989, a partir da ideia de produzir computadores para escolas. Na época conhecida como Positivo Informática, o projeto da empresa nasceu em uma sala de aula da Faculdade Positivo, em Curitiba, no Paraná, com o objetivo de popularizar os PCs em uma época em que a internet ainda era apenas um conceito limitado, e em que os computadores eram itens de luxo.
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Com o passar dos anos e o surgimento de diferentes obstáculos no mercado, a companhia brasileira foi sendo adaptada para atender novos públicos, até que em 2004, a Positivo faz sua estreia no varejo, dando os primeiros passos para o estabelecimento da marca que conhecemos hoje.
Em 2024, a empresa celebra 35 anos de existência e, para discutir as etapas desta jornada e dar uma breve olhada para o futuro, o Canaltech conversou com o Vice-Presidente de Negócios de Consumo e Mobilidade da Positivo, Norberto Maraschin. Além de citar os desafios enfrentados nas últimas quatro décadas, o executivo fez questão de destacar a importância de termos companhias com o porte da Positivo no mercado nacional.
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Os 35 anos da Positivo
Seja na forma de desktops, notebooks ou mesmo smartphones, ter acesso hoje a um dispositivo de computação, capaz de trabalhar com documentos e acessar a internet, é uma tarefa de certa forma fácil e até mesmo acessível — não são raras máquinas que custam menos de R$ 2.500, e já é possível realizar um bom número de atividades usando apenas o celular, encontrado em faixas próximas dos R$ 600. No entanto, esse nem sempre foi o caso.
Os PCs não são uma invenção tão recente, assumindo o formato moderno já a partir da década de 1980, mas os 20 anos seguintes testemunharam a existência de diversos obstáculos no acesso a essa tecnologia, sendo os preços astrônomicos para o período um dos principais deles. Quem viveu o período deve lembrar dos comerciais de televisão destacando as capacidades e os recursos de máquinas como o IBM Aptiva, vendido no Brasil por mais de R$ 4 mil, em uma época em que o salário mínimo mal passava de R$ 100.
Em meio a esse cenário complicado nasceu a Positivo Informática, com foco em democratizar o acesso aos computadores, e atendimento inicial às escolas e unidades de ensino do Grupo Positivo. Comentando desse momento, Norberto destaca como os PCs da marca tiveram um papel importante na popularização da tecnologia, sendo responsáveis pelo seu reconhecimento nos anos seguintes.
“Primeiro […] a gente ajudou a democratizar os computadores lá atrás, as pessoas não podiam comprar. Então, por que a Positivo é tão conhecida? Eu acho que o pessoal tem esse sentimento da Positivo fazer computador barato no varejo, [mas] lá no começo não era assim, ele era um computador democrático, ele servia no bolso das pessoas, ele trazia um computador com discador, às vezes, pronto para a internet, um dos primeiros computadores desktop que a [Positivo] fez. Mas a [Positivo] foi atrás de fazer esse ecossistema no Brasil, de poder fabricar aqui, de poder reduzir impostos, de poder fazer uma pessoa que não tinha condições de comprar um computador pagando à vista lá de fora, pagando fortunas, pudesse, às vezes, financiar esse computador […]” — Norberto Maraschin, Vice-Presidente de Negócios de Consumo e Mobilidade da Positivo.
Depois de iniciar o desenvolvimento de software próprio e até de lançar um portal educacional para as escolas, a gigante entrou no varejo em 2004, conquistando uma fatia significativa do mercado brasileiro nos anos seguintes, a ponto de abrir então seu capital em 2006. Na “etapa varejo”, como Norberto se refere a esse momento, a empresa começa uma série de investimentos para expandir seu portfólio de tecnologias.
“[…] A gente entrou no varejo em 2004. Depois disso, [nós começamos a entender que] não basta a gente pegar as peças, montar dispositivo e vender em preço acessível […]. A [Positivo] começou a entender que a empresa precisava desenvolver tecnologia para o país. […]” — Norberto Maraschin, Vice-Presidente de Negócios de Consumo e Mobilidade da Positivo.
O papel na pandemia
Os investimentos da Positivo em suas expansões e independência tecnológica tomaram um rumo um tanto inesperado em 2020, no pico da pandemia de covid-19, quando a marca brasileira assumiu o compromisso de produzir respiradores para auxiliar os hospitais em um momento em que as internações em virtude da infecção aumentavam de forma descontrolada diariamente, levando à escassez severa de equipamentos. Norberto explica que a promessa só pôde ser feita graças ao porte da companhia.
“[…] Nós paramos nossas principais pessoas e nós viabilizamos a fabricação eletrônica do respirador pulmonar. E nós fizemos 5.500 respiradores pulmonares, toda a parte eletrônica foi projeto da Positivo. [Nós conseguimos] as peças, [conseguimos] as válvulas, pneumáticas, etc. Aí a gente utilizou a nossa envergadura de companhia, o relacionamento alto nível que nós tínhamos com alguns [fabricantes de chips], com alguns caras muito relevantes na época, para que a gente conseguisse fazer em toque de caixa e equipar as UTIs brasileiras com respiradores. […]” — Norberto Maraschin, Vice-Presidente de Negócios de Consumo e Mobilidade da Positivo.
O executivo cita ainda um caso curioso envolvendo o Vice-Presidente de Estratégia e Inovação da marca, Leandro Rosa dos Santos, que na época trabalhava na Flextronics (fabricante de eletrônicos conhecida apenas como Flex atualmente), uma das parceiras da Positivo na iniciativa, além de destacar o trabalho colaborativo com outras empresas brasileiras, como a Suzano, gigante do mercado de papel e celulose.
“[…] O Leandro, hoje o nosso VP de estratégia, […] era o diretor executivo da Flextronics na época. […] Eu lembro que eu liguei para ele e falei ‘Leandro, a gente precisa fabricar, só que para ser mais rápido, teria que fabricar em São Paulo’. […] E aí na época a Flextronics, que é uma multinacional, se disponibilizou a fazer a fabricação dos respiradores. E a Suzano, papel e celulose, também entrou com muito esforço, […] ajudou a pagar todas as despesas junto com a Positivo. E a gente se juntou e a gente equipou as coisas. Então se você não tivesse uma Positivo, eu acho que dificilmente a Suzano teria saído do outro lado sozinha naquele projeto.” — Norberto Maraschin, Vice-Presidente de Negócios de Consumo e Mobilidade da Positivo.
A importância da indústria brasileira
A grande operação durante a pandemia não foi o único exemplo dado por Noberto para deixar clara a importância de haver uma indústria nacional forte — o executivo dá destaque a mais algumas conquistas de peso da Positivo em segmentos em que normalmente a marca não é associada pelo público.
A companhia trabalha com soluções em pagamentos, oferecendo máquinas que rodam uma versão personalizada do Android testada no Brasil, herança da época em que a fabricante trabalhava com smartphones Quantum. Mais interessante, por meio da Positivo Servers & Solutions, a gigante entregou à Petrobras em 2022 o Pégaso, um dos maiores supercomputadores da América Latina.
Usado para encontrar as reservas de petróleo com maior eficiência (um processo extremamente caro em caso de erros), a máquina foi desenvolvida junto à Supermicro e tem hardware bastante potente e moderno, incluindo processadores AMD EPYC 7003 Milan e GPUs Nvidia A100. A combinação coloca o Pégaso como o 56º supercomputador mais poderoso do mundo, segundo a edição mais recente da lista TOP 500, publicada em junho de 2024.
Também é projeto da Positivo as urnas eletrônicas usadas nas eleições, que são citadas por Norberto com grande orgulho, por serem “mais baratas e superiores” frente aos modelos concorrentes que participaram das licitações do Governo Federal.
“Esses 35 anos, são os 35 anos do amadurecimento de uma empresa. Uma empresa que nasceu com um propósito lá no início de equipar os colégios particulares com computador, porque o Hélio [um dos fundadores e atual CEO da Positivo, Hélio Rotenberg] acreditava que a educação e a informática andariam juntos no futuro […]” — Norberto Maraschin, Vice-Presidente de Negócios de Consumo e Mobilidade da Positivo.
O Vice-Presidente encerra essa parte da entrevista destacando como o Brasil tem a capacidade de ser uma potência tecnológica, e como a Positivo tem o propósito de participar do crescimento do país.
” […] Aqui [no Brasil] a galera é boa […]. A gente não perde [em] inteligência para ninguém […]. Então, o Brasil, ele tem um ecossistema muito legal e muito propício para quem quer inovar, para quem quer trazer tecnologia. […] Esse Brasil diferente, esse país enorme, que tem uma demanda interna enorme, ele gera necessidade de ter empresas nacionais que se preocupam com o país, mas também que desenvolvam tecnologias que sejam importantes para esse país.” — Norberto Maraschin, Vice-Presidente de Negócios de Consumo e Mobilidade da Positivo.
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Fonte: Canaltech