Nos últimos meses, o uso do remédio Ozempic tem se disseminado no Brasil. Autorizado oficialmente para o tratamento do diabetes tipo 2, muitas pessoas têm usado a medicação de forma off label (fora da bula) para emagrecer — estudos apontam que este é um dos possíveis efeitos do seu princípio ativo, a semaglutida. No entanto, o uso pode desencadear inúmeros efeitos colaterais e tem riscos, quando não há acompanhamento médico.
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Os relatos envolvendo a dificuldade em encontrar a “injeção para emagrecer” têm se espalhado pelas redes sociais. Na última semana, reportagem do jornal O Povo identificou que o medicamento da farmacêutica Novo Nordisk já estava em falta em algumas farmácias na cidade de Fortaleza.
Aparentemente, nem o alto custo do Ozempic tem afetado a procura pelo medicamento. Nos e-commerces das farmácias, a caixa do remédio com quatro doses (“canetas”) custa cerca de mil reais. Embora não seja possível afirmar, muito provavelmente, o aumento da busca — já confirmado até pela própria fabricante em fevereiro — está associado com a busca pelo emagrecimento.
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A Anvisa autoriza o uso do Ozempic?
Desde setembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso do Ozempic para pessoas com diabetes tipo 2. Como já mencionamos, o uso do medicamento com a finalidade exclusiva do emagrecimento não é liberado no Brasil.
Por outro lado, a Anvisa já liberou, em janeiro deste ano, outro medicamento com o mesmo princípio ativo (semaglutida), o Wegovy, da mesma farmacêutica. A licença autoriza o uso para a perda de peso de pessoas com sobrepeso ou obesidade, condições calculadas através do Índice de Massa Corporal (IMC).
A principal diferença entre as medicações é a concentração da semaglutida, um agonista do receptor de GLP-1. No caso, o Wegovy tem concentração mais alta que o Ozempic. Outro ponto é que a medicação mais recentemente aprovada ainda não é comercializada no Brasil.
Quais são os efeitos colaterais do Ozempic?
Segundo a bula do Ozempic, as reações mais comuns envolvem distúrbios gastrointestinais, como náuseas, diarreia e vômitos. A seguir, confira a lista de efeitos colaterais mais recorrentes da medicação entre os pacientes:
- Tontura;
- Vômito;
- Dor abdominal e dispepsia;
- Distensão abdominal;
- Constipação (intestino preso);
- Gastrite;
- Refluxo gastroesofágico;
- Diarreia;
- Eructação;
- Flatulência (gases);
- Fadiga;
- Hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue), quando é usado em conjunto com outros medicamentos que contém sulfonilureia ou insulina.
De forma geral, estes sintomas são debilitantes, podendo ou não diminuir de intensidade ao longo do tratamento. No entanto, o uso sem acompanhamento adequado pode aumentar o risco de reações incomuns e até mais graves, como pancreatite aguda. Neste caso, o pâncreas inflamado pode provocar dor intensa no estômago e nas costas.
Mulheres podem usar Ozempic?
Aqui, é importante destacar que mulheres em idade fértil e que querem engravidar devem ter cautela no uso do remédio, já que “não se sabe se o medicamento pode afetar o feto”, pontua a bula. Inclusive, o texto afirma que “o uso de contraceptivos é recomendado durante o tratamento”. Em caso de gestação planejada, é preciso parar o uso pelo menos 2 meses antes da gravidez. A fórmula também não deve ser usada por quem amamenta.
Existem outras alternativas para a perda de peso?
Referente ao uso exclusivo do Ozempic para emagrecer, Juliana Simonetti, do Programa de Controle de Peso da University of Utah Health, nos Estados Unidos, aponta para a importância da cautela. “É importante saber que existem outros medicamentos e opções de tratamento que podem ajudar alguém com perda de peso e que podem ser uma opção melhor para o paciente”, afirma. Por isso, o ideal é sempre ter acompanhamento de um especialista.
Além disso, Simonetti lembrar que “os medicamentos certamente ajudam, mas não são a solução para tudo”. Para a especialista, “existem ferramentas adicionais para ajudá-lo a ter sucesso, abordando a fisiologia subjacente que dificulta a perda de peso”. Entre as opções, estão as mudanças na dieta — alguns alimentos ajudam a dar a mesma sensação de saciedade que a semaglutida — e a prática diária de exercícios.
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Fonte: Canaltech