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Campanha contra feminicídio traz vítimas “de volta à vida” com deepfake

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Campanha contra feminicídio traz vítimas

O governo de Israel lançou uma campanha pública educativa que usa inteligência artificial para trazer “de volta à vida” cinco mulheres assassinadas para alertar contra os relacionamentos abusivos. Por meio de vídeos criados com fotos tiradas antes da morte, a estratégia é usar o deepfake para mostrar os perigos de se conviver em um parceiro violento ou ciumento, como parte das ações do Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

Os materiais foram produzidos por uma startup especializada em deep learning chamada D-ID e contam com atrizes para dublar as vozes das vítimas. A ação pode ser considerada chocante por muita gente porque expõe um lado um tanto mórbido, mas, segundo Lili Ben Ami, irmã de uma das vítimas, a ideia é criar uma “vacina contra a violência, que estamos atacando de todos os ângulos”.

A campanha usa a tecnologia para fazer a chocante revelação de que aquela pessoa que está falando foi vítima de feminicídio. No vídeo acima, Michal Sela (a primeira mulher a aparecer na imagem), 32 anos, relata ter sido morta a facadas pelo homem que era o seu marido em 2019. O crime ocorreu na frente da filha pequena do casal e fez com que o “parceiro” fosse levado a cadeia e condenado por assassinato no mês passado.


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Ela pede que as mulheres tomem alguma atitude se estiverem se relacionando com uma pessoa ciumenta e violenta. No final do vídeo, a mulher faz um apelo para que outras em situação similar não se permitam chegar a esse ponto. “Se você tem medo da reação dele ao se separar, compartilhe com uma pessoa próxima e um especialista em violência doméstica, que te ajudará a se separar com segurança e voltar para sua luz”, diz ela.

Segundo o Ministério do Bem-Estar de Israel, houve um aumento de 10% no número de telefone do governo voltado para coibir a violência doméstica em 2021 na comparação com o ano passado. Com o sucesso da campanha, que extrapolou os limites do país, é provável que esse percentual cresça ainda mais.

A D-ID é a mesma companhia responsável pela tecnologia de deepfake criada para o site My Heritage que insere movimentos de olhos, bocas e cabeça em fotos de entes falecidos. Na época do lançamento, a ferramenta fez muito sucesso porque ajudou pessoas de todo o mundo a relembrar momentos com amigos, parentes e companheiros.

Deepfake para o bem ou para o mal

Como toda inovação tecnológica, há quem use o recurso com fins diversos. Se antes golpes em que usam imitações de voz para se passar por outra pessoa eram comuns, com o deepfake é provável que criminosos usem as redes sociais de alvos para criar modelos 3D convincentes que imitem seus comportamentos.

Gigantes do mercado de tecnologia também investem nessa tecnologia para conseguirem identificar as montagens e evitar o cometimento de crimes, por exemplo. A Microsoft investiu US$ 26 milhões em uma empresa que desenvolve uma tecnologia de verificação de imagens e identificação de deepfakes ou cenas manipuladas digitalmente.

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Fonte: Canaltech