O Tribunal Popular Intermediário Municipal número 2 de Tianjin, na China, começou nesta quarta-feira (26) o julgamento do advogado de direitos humanos Wang Quanzhang, detido há mais de 1.200 dias. A audiência ocorre a portas fechadas, segundo as autoridades, porque diz respeito a segredos de Estado. Ele é acusado de “subverter o poder do Estado” e pode ser condenado à prisão perpétua.
Wang é um dos mais de 250 advogados e ativistas detidos ou interrogados pela polícia em uma operação que começou em julho de 2015. Ele foi indiciado por subversão e foi o único advogado que permaneceu sob custódia sem julgamento.
A defesa escolhida pela família de Wang Quanzhang foi negada. A mulher dele, parentes e amigos protestaram contra as autoridades chinesas e pediram ajuda à chanceler da Alemanha, Angela Merkel. As autoridades não permitiram o acesso ao julgamento por parte da mulher e simpatizantes.
Para a Anistia Internacional, organização não governamental, o julgamento de Wang Quanzhang é uma “farsa cruel”. A entidade defendeu sua libertação imediata. “Este é um julgamento falso em que Wang Quanzhang está sendo perseguido apenas por defender pacificamente os direitos humanos”, disse Doriane Lau, pesquisadora da Anistia Internacional na China.
Histórico
Wang Quanzhang foi levado pela polícia em 3 de agosto de 2015 e, apenas em julho de 2018, sua família soube que estava vivo e detido em Tianjin. De acordo com a Anistia Internacional, com base em informações de um advogado amigo da família, há preocupações de que ele tenha sido torturado e maltratado em detenção.
Outros advogados de direitos humanos que foram detidos na repressão de 2015 e mais tarde libertados relataram terem sido espancados, obrigados a tolerar até 15 horas consecutivas de medicamentos com alimentação forçada.
Antes de sua detenção, Wang Quanzhang trabalhou em questões consideradas sensíveis pelo governo chinês, como a defesa da liberdade religiosa e membros do Novo Movimento dos Cidadãos, uma rede de ativistas de base que promovem a transparência do governo e expõem a corrupção.
*Com informações da NHK, emissora pública de televisão do Japão, e da Anistia Internacional.
Fonte: Agência Brasil