Se nada for feito até o ano de 2100, cerca de 5,5 bilhões de pessoas terão acesso a águas superficiais contaminadas. Isso significa que rios e lagos estarão poluídos com substâncias nocivas, provenientes da atividade humana ou de fontes naturais. Parte significativa destas águas também são regularmente usadas para consumo.
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O cenário sobre o acesso à água nos próximos 80 anos, que é uma verdadeira bomba-relógio para a saúde pública, foi estimado por pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda. O artigo foi publicado na revista científica Nature Water.
Segundo as previsões do grupo de estudiosos, a proporção da população mundial que estará exposta à salinidade, poluição orgânica e patogênica na água até o final do século varia entre 17%-27%, 20%-37% e 22%-44%, respectivamente. Neste quadro, um número maior de doenças devem ser transmitidas através do líquido fundamental para a vida, como infecções bacterianas e virais, considerando os gargalos no acesso ao saneamento básico e à água tratada.
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Vale lembrar que, hoje, 2 milhões de pessoas já lutam para ter acesso à água potável no mundo, segundo as estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Onde a água estará mais poluída no mundo?
“Exibindo os maiores aumentos no número absoluto e relativo de pessoas expostas, independentemente da mudança climática e do cenário de desenvolvimento socioeconômico, concluímos que a África Subsaariana se tornará o novo ponto crítico da poluição das águas superficiais globalmente”, afirmam os autores no estudo.
Apesar do destaque para uma parte do continente africano, os pesquisadores revelam que a qualidade no acesso à água limpa deve cair na maioria dos países em desenvolvimento. Outros pontos de risco são os países do sudeste da Ásia e da América do Sul, como o Brasil.
Em alguns pontos do Brasil, a taxa de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) poderá aumentar em mais de 50% nas águas superficiais nos próximos anos. Esta é a quantidade de oxigênio consumida por bactérias e microrganismos, durante a decomposição de matéria orgânica em amostras. É uma medida bastante usada para determinar o nível de poluentes na água, segundo os autores.
De forma contrastante, em muitos países ricos, os níveis de poluentes orgânicos e substâncias que podem causar doenças tendem a diminuir no futuro. Isso pode ser explicado pelo avanço dos serviços de tratamento de água. Em paralelo, inúmeras pesquisas buscam formas de simplificar a filtragem e limpeza das águas.
Para evitar o cenário estimado, os autores reforçam a urgência na criação de iniciativas que garantam o acesso à água de qualidade em todo mundo. Para isso, a ONU tem um programa próprio com a meta de acabar com o problema, previsto para o ano de 2030. No entanto, o projeto não deve solucionar a questão do acesso desigual desse recurso natural, e esforços mais abrangentes serão necessários.
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Fonte: Canaltech