Na Gâmbia, o uso de xaropes importados para tosse está associado com 70 mortes de crianças pequenas. No momento, as investigações estão em andamento, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) já emitiu um alerta internacional para os quatro produtos envolvidos no caso. Análises da agência apontam para “quantidades inaceitáveis de dietilenoglicol e etilenoglicol” nos compostos, o que teria provocado as intoxicações.
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Os xaropes foram receitados para crianças com tosse. No entanto, a condição dos pequenos apenas piorou e, inicialmente, sofreram com diarreia. Em um segundo momento, o contaminante provocou graves lesões renais. Os casos de intoxicação foram piorando, o que culminou no óbito de dezenas de crianças na Gâmbia.
A questão por trás do caso de intoxicação é que os xaropes foram produzidos na Índia e a contaminação por etilenoglicol — o mesmo problema que ocorreu com os petiscos para cachorros no Brasil — teria ocorrido durante o processo de produção dos produtos. Desde então, as práticas de desenvolvimento de medicamentos no país de origem são questionados, em especial a fiscalização.
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Xaropes para tosse na Gâmbia e a Índia
Hoje, a Índia é um dos maiores produtores de remédios do mundo. Segundo dados do jornal The New York Times, o país produz 60% das vacinas globais e 20% dos medicamentos genéricos. Estes medicamentos vão para países pobres, como a Gâmbia, mas também são distribuídos em países ricos, como os Estados Unidos e os membros da União Europeia.
No caso dos países ricos, a vigilância sanitária é intensa. Antes da importação de um remédio ser liberada, é costume que agentes do órgão regulador visitem a fábrica responsável, observando se esta cumpre os requisitos mínimos para operação. Lotes que chegam ao país de origem também são fiscalizados.
No entanto, o protocolo não acontece com países mais pobres e sem recursos para este tipo de vigilância ativa. “O que aconteceu na Gâmbia está acontecendo em outros países africanos sem que saibamos”, afirma Michel Sidibé, enviado especial da União Africana para a Agência Africana de Medicamentos.
“A maioria dos países africanos não tem capacidade de teste nem órgãos reguladores bem treinados”, explica Sidibé. “O mercado africano é muito fragmentado, mas devido à má regulamentação, as medicações passam de um país para outro”, completa sobre o cenário que precisa ser revisto na busca por mais segurança.
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Fonte: Canaltech