Contratado pelo Real Madrid ainda em 2006, Marcelo foi o escolhido, à época, para assumir a lendária lateral-esquerda merengue, por anos ocupada por ninguém menos que seu ídolo, Roberto Carlos. A enorme responsabilidade se transformou em uma dádiva para o habilidoso garoto carioca, que hoje, aos 31 anos, é o maior de sua posição em atividade e soma inúmeros e variados troféus em sua coleção. Contudo, nem mesmo os 13 anos de Europa e currículo invejável impedem Marcelo de ainda sentir a pressão de um grande jogo.
De coração aberto, o camisa 12 madridista contou algumas de suas histórias especiais ao The Player’s Tribune, plataforma que concentra depoimentos emotivos das grandes estrelas do futebol mundial. Dentre as muitas falas simbólicas e marcantes de Marcelo, uma chamou bastante atenção: o lateral confessou ter vivido momentos de ansiedade e enorme angústia antes e durante a final da Champions de 2017/18, contra o Liverpool.
“Tudo começou na noite anterior. Não conseguia comer. Não conseguia dormir. Só pensava no jogo. Para mim, a pressão foi mais intensa antes da final contra o Liverpool (…) Quando existe a chance de fazer história, você sente o peso disso. Mas, por alguma razão, eu realmente estava sentindo essa pressão. Nunca que eu tinha passado por tanta ansiedade assim antes, então, eu não sabia o que estava acontecendo. Pensei em chamar o médico, mas estava com medo que ele não me deixasse jogar”, contou.
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Na sequência, Marcelo explica algo que aconteceu às vésperas do confronto: “A poucos dias daquela final, um ex-jogador do Real Madrid tinha dito algo sobre mim na TV que ficou impregnado na minha cabeça. Perguntaram o que ele achava sobre aquela decisão, ele respondeu: ‘Acho que o Marcelo deveria comprar um pôster do Mohamed Salah, colocar na parede, e rezar todas as noites’. Depois de 12 anos e 3 conquistas da Champions League, ele me desrespeitava desse jeito, ao vivo, na TV. Esse comentário foi feito para me derrubar. Mas acabou me motivando muito”, afirmou.
A tensão de poder fazer história com um tricampeonato, sua qualidade questionada em rede nacional… O alívio com a vitória assegurada nos minutos finais acabou virando lágrima para o humano Marcelo: “Faltando apenas 10 minutos, nós já estávamos ganhando por 3 a 1, e daí que me toquei que nós seríamos campeões. A bola foi pra fora de jogo, eu tive um momento para pensar e…Irmão, de verdade: comecei a chorar. Estava soluçando, lá no gramado. Nunca tinha acontecido nada igual comigo antes. Depois do jogo? Sim. Segurando o troféu? Sim. Mas não durante o jogo”, confessou.
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Fonte: 90min