Considerada como uma das equipes africanas mais empolgantes e tecnicamente qualificadas em ação nesta Copa do Mundo Feminina, a seleção de Zâmbia, infelizmente, ainda é um triste retrato de como o machismo opera nos bastidores do futebol feminino.
Pouco antes do início do Mundial na Austrália & Nova Zelândia, uma reportagem publicada no jornal “The Guardian” trouxe novos elementos acerca das acusações de abuso sexual contra o técnico zambiano Bruce Mwape, levadas à Fifa ainda em setembro de 2022: “É normal que o treinador durma com as jogadoras na nossa equipe”, afirmou uma jogadora, que não quis ter sua identidade revelada.
Desde que as novas apurações sobre o caso se tornaram públicas – dentre elas, a revelação de que a Federação Zambiana de Futebol (AFZ) desestimula denúncias e até ameaça suas jogadoras –, duas atletas convocadas para representar a equipe no Mundial foram cortadas do torneio: a primeira foi a goleira Hazel Nali, e a segunda foi Grace Chanda, um dos destaques do time. A camisa 10 teve a sua desconvocação anunciada nesta sexta-feira, 21 de julho.
A justificativa oficial da AFZ para os cortes de Hazel Nali e Grace Chanda é de que as duas atletas não têm condições médicas de disputar o torneio. Não houve, no entanto, nenhum diagnóstico de lesão para ambos os casos. Imprensa internacional e entidades ligadas à modalidade desconfiam se tratar de retaliação, tanto pelas cobranças públicas das atletas pelos pagamentos referentes à classificação ao Mundial, quanto pelas denúncias de abusos cometidos por Bruce Mwape.
Imersa nesse contexto triste e opressivo, Zâmbia realiza os últimos ajustes para sua estreia na Copa: abre sua participação na madrugada deste sábado (22) contra o Japão, jogo programado para as 4h de Brasília.
Fonte: 90min