Na tarde da última quinta-feira (23), a Juventus desperdiçou sua primeira grande oportunidade de sacramentar a conquista da Serie A Tim 2019/20, sendo derrotada de virada pela Udinese. Uma vitória simples já garantiria a taça nacional ao clube de Turim, mas uma nova atuação abaixo da média acabou adiando a festa bianconera. No próximo final de semana, a Velha Senhora terá uma nova chance de garantir matematicamente o Scudetto, mas o fato é um só: mesmo se confirmado, esse será o título mais sem brilho da história recente do clube. A seguir, provaremos que a Serie A desta temporada merecia um campeão diferente da Juventus:
1. Equipe sem identidade
Udinese Calcio v Juventus – Serie A
Após cinco temporadas bem sucedidas nacionalmente sob comando de Massimiliano Allegri – que ainda conseguiu conduzir o clube a duas finais de Champions -, a diretoria da Juventus optou por uma mudança de filosofia. Adepto de um jogo mais agressivo/ofensivo, Sarri foi o escolhido pela alta cúpula do clube para liderar a revolução no futebol juventino.
É bem verdade que uma mudança estrutural deste porte leva tempo, mas chegamos à reta final da temporada e o que vemos é uma Juventus sem DNA/identidade, sem padrão tático e sobrevivendo à base das individualidades. Pouco para um clube que vem investindo mais e mais a cada nova janela de transferências.
2. Futebol burocrático e pobreza criativa
Udinese Calcio v Juventus – Serie A
Para quem há pouco tempo teve Pirlo, Marchisio, Vidal e Pogba comandando as ações no meio-campo, a Juventus sofre (e muito!) com o setor atualmente. Responsáveis pelo andamento/fluência do jogo e por ‘alimentar’ os atacantes, os meias juventinos fazem, no geral, uma temporada bem pobre em performance e números.
A título de comparação, todos os meias juventinos, somados, têm o mesmo número de gols (10) na temporada que os quatro zagueiros da equipe: Demiral, De Ligt, Bonucci e Chiellini. Uma estatística que assusta e comprova que a pobreza criativa da Velha Senhora passa, diretamente, pela improdutividade de seu meio-campo.
3. Irregularidade do sistema defensivo
SS Lazio v Juventus – Serie A
A última linha juventina era um dos grandes pilares do trabalho de Massimiliano Allegri, que privilegiava um futebol mais compacto, de poucos riscos corridos, pragmatismo e eficiência. Obviamente, a tentativa de revolução na filosofia de jogo da equipe geraria algum impacto na até então inabalável defesa bianconera. Só não poderíamos imaginar que seria tão grande.
Com três rodadas ainda por disputar, a Juventus já sofreu 38 gols na Serie A 2019/20, oito a mais em comparação à edição passada inteira. Se pegarmos os números do campeonato 2017/18, o abismo fica ainda maior: naquela edição, a Velha Senhora sofreu apenas 24 gols em 38 partidas.
4. Foco/concentração em baixa
Olympique Lyon v Juventus – UEFA Champions League Round of 16: First Leg
A Juventus tem um desempenho mediano/bom nas partidas consideradas ‘grandes’ nesta edição de Serie A: venceu a Inter de Milão duas vezes, ganhou de Lazio, Napoli, Milan, Roma e Atalanta uma vez cada. O problema da campanha do clube de Turim está nos pontos perdidos em jogos considerados mais acessíveis, quando liderava o placar.
Isso aconteceu na rodada passada contra a Udinese, além dos dois duelos contra Sassuolo. Pontos contra Lecce (primeiro turno) e Hellas Verona também ficaram pelo caminho, com a Juve tendo aberto o placar. O nível de concentração não está apurado.
5. Extrema dependência de sua dupla de craques
Juventus v SS Lazio – Serie A
Por último, mas certamente não menos importante, está o fato da Juventus depender inteiramente das individualidades de seus dois grandes craques para vencer partidas. Paulo Dybala e Cristiano Ronaldo vivem uma temporada espetacular e têm carregado a equipe nas costas, sobrecarga pouco saudável para um clube que sonhava com a Tríplice Coroa em 2019/20.
A dupla é diretamente responsável por 72 gols da equipe na temporada. São 34 bolas na rede e sete assistências de Cristiano + 17 tentos e 14 assistências para Dybala. Sintonia fina que empolga, mas também faz questionar: e o resto do time?
Fonte: 90min