Futebol

Aline Pellegrino e a importância de mulheres em cargos de gestão nas federações e CBF

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Nesta segunda-feira, 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher. Para nós, mulheres que amamos e vivemos do futebol, trata-se de uma data na qual gritamos ainda mais alto por nossas bandeiras: protagonismo feminino e ocupação de espaços que historicamente nos foram negados, inclusão e equidade de gênero no esporte, demandas básicas, mas que parecem ainda tão distantes, mesmo em pleno ano de 2021.

Os passos/conquistas quando falamos de futebol feminino no Brasil, em todos os seus campos e áreas de atuação, obedecem um ‘tempo’ muito particular: demoramos décadas para ter uma mulher no comando da seleção brasileira principal – e quando tivemos, ela não recebeu o respaldo e o tempo que merecia para desenvolver seu trabalho -, e celebramos somente em dezembro de 2020 a contratação da primeira narradora por parte da principal emissora de TV do país. Quando falamos em presença feminina em cargos de gestão do futebol, aí é que a coisa fica ainda mais cruel: somos raríssimas, mas não por desinteresse ou falta de capacidade. Falta apoio, oportunidade e incentivo.

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Emily Lima, primeira mulher a comandar a seleção. | NELSON ALMEIDA/Getty Images

O tempo do futebol feminino é outro e, infelizmente, por muitas vezes o reconhecimento a quem construiu uma vida de dedicação ao esporte demora a acontecer, isso quando acontece. De seus anos como atleta nas décadas de 80 e 90, passando pela criação do departamento de futebol feminino do Internacional em 1996 e chegando ao posto de gerente da modalidade no Colorado, Duda Luizelli dedicou 35 anos de sua vida ao futebol até ser convidada para uma pasta na CBF: em 2020, tornou-se a primeira mulher no cargo de Coordenação das Seleções Brasileiras Femininas.

O mesmo podemos dizer de Aline Pellegrino, dona de um extenso e vitorioso currículo dentro das quatro linhas e de exemplar atuação na Federação Paulista de Futebol, onde chegou a ocupar o posto de Diretora de Futebol Feminino. Incansável, Aline rompeu barreiras na FPF e, por desenvolver um trabalho de excelência na federação local, foi convidada para assumir o cargo de Coordenadora de Competições Femininas da CBF.

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Com Aline em seu corpo técnico, CBF começa a dar voz e ouvidos às demandas da modalidade | LEONARDO SGUACABIA/Photopress/Gazeta Press

Estes dois casos de ‘reconhecimento tardio’ a profissionais que estão há décadas trabalhando pela evolução da modalidade escancara como os olhos das instituições sempre estiveram fechados para nós. E ajuda a explicar o porquê de muitos dos atrasos que ainda existem no futebol feminino: se a modalidade é gerida por pessoas que não entendem as particularidades e as demandas do esporte e de suas protagonistas, como ela pode se desenvolver?

É por isso que ter mulheres em cargos de gestão do futebol não é populismo, demagogia ou o termo estúpido da moda, ‘lacração’. É apenas lógico e coerente. Quem viveu a realidade do esporte na pele sabe melhor do que qualquer um o que ele precisa para crescer. E a nossa torcida sincera é para que Duda e Aline se multipliquem nos clubes, federações e demais instituições do futebol brasileiro. E que o tempo do futebol feminino comece a andar mais depressa.

Fonte: 90min