O grande atrativo de O Pálido Olho Azul é justamente a presença de Edgar Allan Poe como personagem central da trama. Vivido pelo ator Harry Melling, o famoso escritor aparece ainda em início de carreira no novo suspense da Netflix ajudando um detetive a solucionar uma série de mortes misteriosas e é a melhor coisa do longa.
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Só que essa participação do poeta levantou uma dúvida muito honesta entre o público: afinal, o filme é baseado em fatos reais? Como a ideia do longa é mostrar o escritor ainda em início de carreira e encarando uma experiência macabra que viria a impactar e influenciar sua obra e até sua personalidade, o questionamento é bastante compreensível.
Até porque muitos dos fatos mostrados no filme correspondem a partes reais da biografia de Allan Poe. O poeta realmente foi cadete na Academia Militar dos Estados Unidos e muitas das passagens citadas por ele são encontradas em qualquer biografia. Só que não se deixe enganar: O Pálido Olho Azul é pura ficção.
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Baseado em um livro
Na verdade, o filme que acabou de chegar à Netflix é baseado em um livro que ficou famoso justamente por fazer essa grande brincadeira com a história de Edgar Allan Poe, pegando fatos reais e misturando com acontecimentos fictícios para criar essa enorme névoa em que o leitor — e agora também o espectador — não consegue diferenciar uma coisa da outra.
Mas o ponto é que o escritor jamais testemunhou e tampouco precisou ajudar a investigar um crime durante sua passagem na vida militar. Na verdade, seu período na Academia foi um tanto quanto breve, já que ele serviu por apenas dois anos e acabou expulso em 1831 por seu comportamento desobediente e sua incorrigível boemia.
É a partir desses fatos que o autor Louis Bayard imagina a interação de Allan Poe com esse detetive Augustus Landor, vivido no longa por Christian Bale. O ponto é que esse é um indivíduo que nunca existiu e é, na verdade, uma brincadeira com outra outra do poeta.
Além de seus poemas e romances de terror, o Poe também é conhecido por ser um dos primeiros autores de mistérios policiais, influenciando nomes como Arthur Conan Doyle e Agatha Christie a criarem, anos mais tarde, Sherlock Holmes e Hercule Poirot. E seu detetive chama-se nada menos do que Auguste Dupin.
Em uma entrevista ao New York Times, Bayard explicou que teve a ideia de ambientar seu suspense nesse período como forma de explorar um lado menos explorado do escritor. Segundo ele, Allan Poe é personagem em várias outras obras, mas quase nenhuma o trazia ainda na juventude enquanto tentava encontrar sua identidade como autor.
O Pálido Olho Azul está disponível na Netflix.
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Fonte: Canaltech