O funeral da talvez maior estrela pop da história mundial não poderia ter sido diferente: o “espetáculo” contou com bastante música, grande emoção, e todos detalhes acompanhados por milhões de pessoas ao redor do planeta. Somente nos Estados Unidos, 31,1 milhões de telespectadores assistiram à cerimônia no dia 7 de julho de 2009 para dar seu último adeus ao astro Michael Jackson, segundo dados de audiência do Instituto Nielsen.
A cerimônia, que ocorreu 70 dias após sua morte e foi realizada no Staples Center, estádio do Los Angeles Lakers, foi exibida por 18 canais de televisão entre 10h e 13h. O funeral do Rei do Pop contou com o dobro de audiência do funeral do ex-presidente Gerald Ford (15 milhões, em 2007) e quase bateu os números em audiência da princesa Diana (33 milhões, em 1997).
No centro esportivo, mais de 17 mil fãs foram sorteados e puderam acompanhar o “showneral” de perto, organizado pela prefeitura de Los Angeles e pela empresa AEG Live, companhia que ironicamente faria a turnê de despedida do astro “This is It”. Para fortalecer a equipe da segurança, o departamento de polícia de Los Angeles convidou cerca de 3,2 mil oficiais para a região do estádio. De acordo com o próprio departamento, tal número foi maior do que o usado pela cidade durante os Jogos Olímpicos de 1984.
O funeral de Michael Jackson teve início ainda cedo. Perto das 8h da manhã, no horário de Los Angeles, começou o velório particular que acabou reunindo familiares e amigos mais próximos do astro. O cemitério Forest Lawn, em Hollywood Hills, o mesmo onde foram sepultados Bette Davis e David Carradine, foi escolhido para o segmento privado da cerimônia. Após cerca de uma hora de cerimônia fechada, o corpo de Michael Jackson chegou a ser levado ao Staples Center por um carro funerário. O caminho do cemitério até o estádio foi de aproximadamente 20 km.
No palco, o amigo de longa data e cantor Smokey Robinson, falou em nome da cantora Diana Ross, abrindo as homenagens. “Michael era um amigo íntimo, uma parte preciosa da minha vida”, destacou a cantora por meio de seu porta-voz, desculpando-se por não poder ido à cerimônia. Tanto Diana Ross quanto Smokey Robinson faziam parte de círculo íntimo de profissionais e amigos mais próximos que viram o Rei do Pop ainda criança explodir no The Jackson 5 ao lado dos irmãos. Em seu discurso Smokey Robinson revelou como ele próprio acabou sendo ofuscado por Michael, ainda criança, quando o garoto cantava com grande talento uma das maiores composições do artista da Motown chamada “Who’s Loving You”.
Outra ausência notada foi a de Liz Taylor, uma das melhores amigas do astro. Naquele mês, a atriz publicou em seu Twitter: “Não acredito que Michael gostaria que eu dividisse meu sofrimento com milhões de pessoas. O que eu sinto é entre nós. Não um evento público. Eu disse que não vou ao Staples Center e eu realmente não quero me tornar parte disso. Eu o amo muito. Meus sentimentos vão para Katherine (mãe do cantor) e para seus filhos amados.”
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Smokey Robinson leria ainda uma declaração de ninguém menos que o ativida da causa negra e Nobel da Paz, o líder Nelson Mandela. “Querida família Jackson. É com grande tristeza que soubemos da morte prematura de Michael Jackson. Michael tornou-se próximo de nós depois que ele começou a visitar a África do Sul regularmente. Nós crescemos. Apaixonados por ele, e ele tornou-se perto – um membro próximo da nossa família.Tínhamos uma grande admiração por seu talento e que ele foi capaz de triunfar sobre a tragédia em tantas ocasiões em sua vida”.
“Michael era um gigante e uma lenda na indústria da música. E choramos com os milhões de fãs no mundo inteiro. Nós também choramamos com a sua família e seus amigos sobre a perda de nosso querido amigo. Ele vai fazer falta e memórias dele nos acalentaram por muito tempo muito. Minha esposa e eu, nossa família, nossos amigos, enviamos nossas condolências durante este período de luto. Sejam fortes. Nelson Mandela.”
Depois do pronunciamento de Smokey Robinson, a cerimônia foi interrompida por problemas de áudio no ginásio. Minutos depois, o coral gospel de Andraé Crouch entoou a canção “We Are Going to See the King”, enquanto o caixão folheado a ouro do músico era transportado por produtores do evento.
Em um dos segmentos mais plurais do funeral, dezenas de pessoas e cantores de diferentes etnias subiram ao palco para cantar a dobradinha “We Are The World” e “Heal The World”. Ambas canções trazem mensagens sobre a importância da igualdade e amor ao próximo.
Músicas no palco com amigos de longa data e cantores celebres não poderiam faltar. Mariah Carrey e Trey Lorenz entoaram “I’ll be There”, dos Jackson 5, e acabaram emocionando os presentes e os telespectadores com uma performance bastante sentimental.
Já o músico Lionel Ritchie dos hits “Hello” e “We Are The World”, cantou a música gospel “Jesus is Love” acompanhado por um coral.
O lendário Steve Wonder teve uma das performances mais emotivas da noite ao tocar e cantar a sua faixa “I Never Dreamed You’d Leave in Summer”. Em seu discurso, o músico afirmou que por mais que os fãs e as pessoas precisassem de Michael Jackson, Deus teria precisado mais do astro no Céu.
Acompanhada por dançarinos, a atriz vencedora do Oscar e cantora Jennifer Hudson acabou se emocionando ao cantar “Will You Be There”.
Já o cantor Usher, interpretou a faixa “Gone Too Soon” cujo a letra fala sobre uma partida precoce e foi lançada por Michael Jackson no ano de 1991.
Jermaine Jackson, irmão do cantor, fez uma homenagem explícita a Michael ao colocar um par de luvas brancas com paetês para interpretar “Smile”, a canção predileta do Rei do Pop. A faixa composta por Charles Chaplin está na trilha sonora do filme Tempos Modernos de 1936, um dos clássicos do cinema e traz na letra a seguinte frase “sorria, embora seu coração esteja doendo”.
Amiga íntima de Michael desde os 13 anos, a atriz Brooke Shields que chegou a ser apontada como namorada do astro pela imprensa diversas vezes fez uma verdadeira confissão. “Nós dois tivemos de agir como adultos muito cedo. Mas, quando estávamos juntos, éramos apenas crianças se divertindo”, afirmou.
A atriz Queen Latifah foi ao palco para falar “em nome dos fãs de todo o mundo”. “Michael é a maior estrela da Terra”, disse a artista que chegou a ler um poema da autora Maya Angelou dedicado ao Rei do Pop, “We Had Him”. A poetisa, que morreu em 2014, dedicou sua vida à luta pela igualdade racial e é considerada uma das maiores ativistas da causa negra dos Estados Unidos.
Um dos empresários musicais mais bem-sucedidos dos Estados Unidos, Berry Gordy, fundador da lendária gravadora Motown, acabou não se contendo em sua homenagem: “O título de Rei do Pop não é grande o suficiente para Michael Jackson.”
Os familiares reunidos de Michael foram os últimos a subirem no palco. “É difícil entender por que Deus pediu que nosso irmão voltasse para casa (o céu), após uma visita tão curta“, afirmou Marlon Jackson, num tom mais religioso. Depois do depoimento emocionado da filha do astro e neta Paris, a mãe de Michael, Katherine, caiu em lágrimas. Ali o mundo inteiro, também se comovia.
O momento mais emotivo da cerimônia de duas horas e meia contudo, foi protagonizado por Paris Jackson, no palco. A jovem de 11 anos, inesperadamente, pegou no microfone e falou pela primeira vez para uma audiência mundial, despedindo-se do seu pai. “Só queria dizer que, desde que nasci, o papai tem sido o melhor pai que alguma vez se pode imaginar”, disse ela. “E eu só queria dizer que o amo tanto”. Com isso, a menina chorosa caiu nos braços da sua tia Janet Jackson. Encerrava-se ali, a história de um dos maiores artistas da história do entretenimento mundial.
Fonte: Observatório de Música