A mistura de bebidas costuma criar sabores e aromas únicos. A caipirinha, o drink mais brasileiro por excelência, nasce da mistura entre a pinga e o suco do limão. Já o coquetel “wi fi” nasce da mistura entre vodka e refrigerante de laranja. Um drink que se tornou famoso nos anos de 1980 e voltou com tudo nos últimos anos é a gin tônica.
O gin
Sendo um destilado preparado com ervas e outros elementos botânicos, o gin é um álcool de cor transparente, feito a base de cereais como milho, cevada e trigo. Uma segunda destilação é então feita com o zimbro (um tipo de fruta), que lhe confere sabor e aroma característicos.
Existe uma grande variedade de gin, que pode ser dividido em cinco categorias: o clássico (com o zimbro como principal ingrediente), o cítrico (com um toque de limão, tangerina ou laranja) e o especiado (com cardamomo ou pimentas). Além do herbal (com toques de hortelã, alecrim e tomilho) e o floral (contendo flores e frutos em sua composição).
Mais clássico, o gin tônica ganha um toque especial quando incrementado com algumas rodelas de limão. Outras combinações possíveis com a bebida são canela, pepino, anis estrelado, framboesa e gengibre.
Origens históricas
Assim como outros destilados, o gin tem origens medicinais. Conhecido desde a Antiguidade, o álcool fermentado recebia ervas vegetais maceradas para ter o seu sabor aprimorado. Contudo, foi só na Idade Média que os árabes aperfeiçoaram alambiques antes rudimentares e sistematizaram os processos de destilação.
Em meados do século XIV, acreditava-se que o zimbro (um dos principais componentes do gin) poderia ser uma cura para a peste negra que dizimava a população europeia da época. Embora o gin ainda não existisse naquele momento, a superstição em torno dos poderes curativos dessa bebida a tornou conhecida, especialmente entre os europeus que sobreviveram à peste.
Expansão dos impérios coloniais
Outro momento histórico em que o gin esteve presente foi durante o Mercantilismo, marcado pela colonização europeia em diferentes áreas do mundo. Porém, com o surgimento do rum e de alguns tipos de cerveja, associado a uma regulação mais intensa da qualidade da bebida, houve um declínio do gin.
A Companhia das Índias Holandesas, seguida pela marinha britânica, levavam em seus navios o destilado de zimbro como medicamento. Além disso, descobriu-se que o gin misturado ao limão era capaz de prevenir o escorbuto, problema causado pela falta de vitamina C no organismo.
A origem do gin tônica remete à necessidade de soldados ingleses de evitar a contração de malária, a partir do consumo da amarga casca do quinino (constituinte da tônica). Os soldados adicionavam gin ao quinino a fim de torná-lo mais palatável. Foi então que o gin tônica nasceu.
Séculos depois, além de ampliar a produção em uma escala jamais vista antes, a Revolução Industrial provocou a melhora das técnicas no alambiques onde o gin era produzido.
Movimento feminista
No século XIX, após a segunda Revolução Industrial, o consumo exacerbado do gin por países como os Estados Unidos virou um problema de saúde pública. Inúmeras mulheres que sofriam maus-tratos vindos de seus maridos alcoólatras passaram a se opor a tais violências e reivindicar direitos como o voto feminino.
Quando homens e mulheres passaram a dividir o espaço para beber, o marketing percebeu a potência do mercado feminino e chegou a vender alguns gins como tônicos para problemas ginecológicos.
Ganhando cada vez mais fãs novamente, o gin experimentou uma explosão de sua popularidade no fim da primeira década do século XXI, experimentando novas variações de sabor e de variedades antigas quase desaparecidas. Contudo, especialistas afirmam que se o cheiro de zimbro não estiver presente nesse destilado, trata-se de uma vodca aromatizada, e não de gin.