Diversos animais, de mamíferos a pássaros, conseguem entrar em um estado de dormência profunda, reduzindo a temperatura e taxa metabólica para passar por períodos difíceis, como o frio — e, agora, cientistas conseguiram induzir esse torpor utilizando ultrassom. Algumas espécies não conseguem fazer isso, assim como nós, humanos.
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Isso não quer dizer que não poderíamos nos beneficiar dela, já que poderia ajudar pacientes a lutar contra doenças ou em longas viagens espaciais no futuro. A questão é que não sabemos como induzir essa espécie de hibernação em nosso corpo, o que pode ser desvendado com o auxílio dessa pesquisa.
No estudo, cientistas induziram o estado de torpor em camundongos, estimulando uma região do cérebro envolvida na regulação do sono com ultrassom. A mesma área lida com temperatura do corpo e metabolismo, que também fazem parte do processo de dormência profunda. Além dos camundongos, também foram realizados testes em ratos, mamíferos que não conseguem hibernar naturalmente, ao contrário de seus parentes roedores.
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Quality counts! Hamsters adjust torpor expression, hibernation food intake in relation to total food reserve energy https://t.co/ZYwr0jLJmn pic.twitter.com/2ewmWURegu
— PLOS ONE (@PLOSONE) October 25, 2017
Como o ultrassom induz dormência
Para o experimento, foram construídos transdutores de ultrassom vestíveis que conseguem estimular neurônios em uma região cerebral chamada hipotálamo pré-óptico. Quando as células foram estimuladas, a temperatura corporal dos camundongos diminuiu em cerca de 3 ºC e os batimentos cardíacos baixaram em cerca de 47%.
Houve, também, mudanças metabólicas — os bichos, que estavam usando carboidratos e gordura como fonte de energia, passaram a usar apenas gordura, uma mudança similar à que ocorre no estado de torpor natural.
Os testes foram feitos em temperatura ambiente, a cerca de 22 ºC, sem os gatilhos ambientais que fazem os camundongos entrarem em dormência naturalmente. A intensidade do ultrassom também estava relacionada ao quão profundo era o estado de torpor. Quanto maior a pressão acústica e duração do ultrassom, maior a queda na temperatura corporal e no metabolismo. Isso é chamado, clinicamente, de hipotermia e hipometabolismo induzido por ultrassom (HIU).
Entre as novidades construídas pelos cientistas, está um controlador de resposta de ciclo fechado, ou seja, um sistema que deixa o HIU estável e com longa duração. Com ele, a temperatura corporal pôde ser deixada abaixo de 34 ºC, mantendo os camundongos a 32,95 ºC por 24 horas, voltando ao normal quando o ultrassom foi desligado.
Investigando mais a fundo, um sequenciamento genético mostrou que o ultrassom ativava o caminho neuronal de íons TRPM2, do hipotálamo pré-óptico, mostrando ser responsável por manter os animais em torpor. Para confirmar o achado, o mesmo teste foi feito em ratos, conseguindo simular um torpor em uma espécie que não o faz naturalmente. Nestes roedores, a temperatura da pele diminuiu, e a temperatura central do corpo caiu em 1 ºC.
Embora estejamos longe de testar e confirmar se o ultrassom conseguiria fazer o mesmo em humanos, a pesquisa representa um passo importante para que, no futuro, possamos fazer o mesmo na nossa própria espécie. Induzir um hibernação artificial de forma não invasiva e segura tem sido um alvo da comunidade científica desde os anos 1960.
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Fonte: Canaltech