No último final de semana, a sensação térmica na cidade do Rio de Janeiro ultrapassou os 60 °C. Embora o calor excessivo e tão intenso como este não seja normal, as ondas de calor se tornam cada vez mais comuns. Isso ocorre no Brasil, mas também em outros lugares do mundo, como apontam estudos internacionais.
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Desde os anos 1950, com o aumento das emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, as temperaturas médias do planeta estão gradualmente subindo. Em resposta ao aquecimento global, os eventos extremos, incluindo as ondas de calor, se intensificam.
É o que aponta o 6° Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (Ipcc), divulgado pela Organização Meteorológica Mundial — agência especializada no clima da ONU.
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Ondas de calor mais intensas no Brasil
No Brasil, os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revisaram os dados sobre as mudanças do clima registrados nos últimos 60 anos, procurando tendências. A conclusão é que as ondas de calor estão mais recorrentes em quase todas as regiões, exceto no Sul e em partes de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
No período de referência (de 1961 a 1990), o número de dias com ondas de calor não ultrapassou sete. Entre 1991 a 2000, este número subiu para 20 dias. No período que vai de 2001 a 2010, foram 40 dias. De 2011 a 2020, chegou-se a 52 dias.
Calor sufocante no Rio de Janeiro
O episódio mais recente de calor excessivo na cidade do Rio de Janeiro, registrado no último domingo (17), é a confirmação deste cenário. Por lá, a sensação térmica medida na estação de Guaratiba, na zona oeste, chegou a impressionantes 62,3 °C, segundo o Centro de Operações Rio (COR).
O calor intenso ainda não abandonou os cariocas, mesmo com o início do outono. A previsão do Instituto Nacional De Meteorologia (Inmet) indica que a temperatura máxima pode chegar a 39 °C nesta quinta-feira (21). Entretanto, as chuvas devem reduzir as temperaturas.
Para os dias 22 e 24, o Inmet emitiu um alerta de “grande perigo” para todo o estado do Rio devido à probabilidade de chuvas intensas. É provável a “ocorrência de grandes danos e acidentes, com riscos para a integridade física ou mesmo à vida humana”, segundo o instituto.
Efeito das ilhas de calor
Nas cidades e regiões densamente ocupadas, como o Rio, os efeitos das ondas de calor podem ser ainda piores, gerando temperaturas sufocantes. Isso porque há a sobreposição de outro fenômeno conhecido como ilha de calor.
Dentro do espaço de uma ilha de calor, as temperaturas são ainda mais elevadas do que o entorno por causa da ocupação humana. Por exemplo, o uso excessivo de asfalta e concreto, com a falta de vegetação e de fontes de água, só concentram o calor, dando uma sensação “air fryer”
Como reduzir o calor?
Para reduzir o calor nas cidades, independente das ondas de calor, é preciso que as autoridades públicas invistam em planejamento urbano. As seguintes estratégias podem resultar em melhorias no dia a dia dos cidadãos:
- Plantio de árvores;
- Criação de parques arborizados e praças com verde;
- Uso de espelhos d’água e lagos, quando possível;
- Criação de tetos verdes e jardins verticais;
- Construção de prédios inteligentes e com circulação de ar, sem dependência total do ar-condicionado;
- Investimento em materiais que não absorvem tanto o calor, na área da construção.
Todas essas medidas podem proporcionar conforto térmico. Além disso, é preciso pensar no macro, o que envolve acordos globais para reduzir o uso de combustíveis fósseis, privilegiando fontes de energia renováveis e menos poluentes. Este foi um dos consensos durante a COP28, que dão boas esperanças após o ano mais quente da história recente do planeta.
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Fonte: Canaltech