O final de abril no continente europeu foi marcado por temperaturas recordes, levando os termômetros a números que só se esperariam para julho, verão no hemisfério norte. Agora, um estudo indica que esse calor fora de época seria “quase impossível sem as mudanças climáticas.”
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O planeta tem dado cada vez mais sinais de que as mudanças climáticas influenciadas por ações humanas são inegáveis. Desta vez, a massa de ar quente e seco que se deslocou do norte da África para a Península Ibérica deixou a temperatura em 36,9 ºC em Portugal e em 38,8 ºC na Espanha — a maior já registrada no continente durante o mês de abril. Argélia e Marrocos, no norte da África, também tiveram recordes batidos: os países chegaram a, respectivamente, 40 e 41 ºC.
Analisando o evento, cientistas do grupo de pesquisa climática World Weather Attribution (WWA) mostraram que as anomalias de temperatura chegaram a quase 20 ºC acima do normal para o mês. O relatório divulgado pela WWA diz que “as mudanças climáticas causadas pela humanidade fizeram com que a onda de calor recorde fosse 100 vezes mais provável, com temperaturas que não seriam quase impossíveis sem elas.”
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Quanto aos impactos do evento, o calor contribuiu para agravar a seca que vem atingindo a região desde o último ano, afetando a produção agrícola e o abastecimento de água. Quase 30% do território espanhol já está sob alerta de disponibilidade hídrica com os reservatórios do país na metade de sua capacidade. Especialistas dizem que pode ser a pior seca no país em um milênio.
Scorching and it is only April. Heatwave in North Africa and Iberia is shattering records by large margins.
Córdoba airport in Spain 🇪🇸 just recorded 38.7°C, pulverizing previous monthly record by nearly 5°C. This provisionally breaks the European hottest temperature in April. pic.twitter.com/CKGcMTKlR2
— Scott Duncan (@ScottDuncanWX) April 27, 2023
As ondas de calor também são uma causa de aumento da mortalidade, apontam os pesquisadores da WWA. Embora não haja dados para mensurar as mortes relacionadas a este evento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já divulgou que, em 2022, estes fenômenos deixaram 4.000 vítimas na Espanha e mais 1.000 em Portugal. Estima-se ainda que mais de 600 pessoas morram anualmente na Tunísia, Argélia e Marrocos por conta das altas temperaturas.
Com o planeta próximo ao limite de 1,5 ºC de aquecimento global desde os níveis pré-industriais, estabelecido em 2015 pelo Acordo de Paris, os cientistas alertam que, se esse número for ultrapassado, as ondas de calor podem se tornar mais frequentes e ainda mais fortes. De acordo com as projeções da WWA, se estivéssemos nos 2 ºC de aquecimento global, a temperatura na Espanha poderia ter passado dos 40 ºC.
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Fonte: Canaltech