Conhecido por compartilhar a sua rotina em Autazes, no interior do Amazonas, o influencer Agenor Tupinambá, de 23 anos, faz sucesso na internet brasileira. Parte do encantamento é explicada pela presença da capivara Filó — o animal silvestre que é a estrela da maioria dos virais. No TikTok, são 1,4 milhão de seguidores e, no Instagram, 527 mil. Tudo ia bem até que um incidente atraiu a atenção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
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Com base no Decreto nº 6.514/2008, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), o Ibama multou o influencer Agenor na última terça-feira (18). O motivo são “práticas relacionadas à exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais”, segundo nota do instituto. As multas somam cerca de 17 mil reais.
Tantas coisas pro ibama ir atrás aqui no Amazonas,foi se incomodar com Agenor e filo pic.twitter.com/JL5MDuo0nT
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–— Claudinha💸💚 (@Clau_dinhalima) April 19, 2023
Entenda o caso entre o Ibama e Agenor Tupinambá
Segundo explica o Ibama, o caso do influencer chegou ao conhecimento do instituto após a morte de um bicho-preguiça que era criado na propriedade. “No local, os agentes encontraram um papagaio e uma capivara [outros dois animais selvagens]. Agenor não tinha autorização legal para manter os animais em sua posse”, detalha.
Aqui, cabe explicar que tanto a capivara Filó quanto o bicho-preguiça e o papagaio são animais silvestres, e “criar ou manter esses animais em casa é proibido pela legislação brasileira”. Dessa forma, as penalidades impostas são:
- Pagamento da multa de 17 mil reais;
- Retirada de todo o conteúdo audiovisual alusivo à criação de animais silvestres em ambiente doméstico;
- Entrega do papagaio e da capivara ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em Manaus.
Para evitar complicações, “quem possui animal silvestre em situação irregular pode realizar entrega voluntária ao órgão ambiental competente para evitar penalidades previstas na legislação”, orienta o Ibama. Afinal, “animal silvestre não é pet”.
Influencer nega qualquer tipo de maus tratos
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“De todas as surpresas que a fama na internet me trouxe, eu jamais imaginei que seria acusado de abuso, maus tratos e exploração contra animais”, afirma Agenor, no Instagram. Sobre o caso do bicho-preguiça, ele ainda esclarece que apenas tratou do animal e fez “tudo que podia para preservar sua vida”.
Quanto à decisão de ter que entregar a Filó para o Cetas, ele nega que teria retirado a capivara do seu habitat natural. “Se tem alguém que mora no habitat natural de alguém sou eu, não os animais. Eu abro a janela e lá estão o rio, a floresta e os animais. Eu que estou de passagem nesse lugar. E escolhi ser um guardião e não um criminoso”, completa.
Recepção da multa do Ibama nas redes sociais
Nas redes sociais, muitos usuários estão indignados com a multa aplicada pelo Ibama, alegando que outros casos de maus-tratos e de criação de animais silvestres não são tratados com o mesmo rigor. Eles também são contra o fato dos animais terem que ser entregues no Cetas.
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No meio da polêmica, o Centro de Apoio e Proteção Animal (CAPA), conhecido pelo atendimento e cuidado de capivaras encontradas nas margens do Rio Pinheiros, em São Paulo, também se posicionou sobre o caso na quarta-feira (19).
“Pode ser lindo ver a relação de confiança que os animais silvestres têm com o rapaz, e claramente ele não está maltratando. E cabe ressaltar aqui que o animal está livre, está solto, e pode ir embora a hora que quiser. Não está preso”, afirma a ONG, no Instagram. No entanto, o grupo destaca o impacto negativo que as postagens têm na vida dos animais silvestres.
“Muitas pessoas acabam sendo incentivadas através destes vídeos, e também querem ter uma capivara”, acrescenta. Inclusive, a ONG destaca que, desde que os vídeos de Agenor com a Filó viralizaram, o projeto já recebeu mais de 150 mensagens de pessoas querendo adotar ou comprar uma capivara.
“Sentimos muito pelo que ele e os animais estão passando, mas ele precisa entender que viralizar vídeos interagindo com animais silvestres acaba prejudicando e colocando em risco, e muito, a vida de outros animais. Torcemos para que decisões sensatas sejam tomadas para o bem de todos, tanto dos animais como do rapaz”, completam.
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Fonte: Canaltech