O Google vai usar inteligência artificial para identificar e rastrear a origem da madeira comercializada a partir da Amazônia. Em parceria com a organização não governamental The Nature Conservancy (TNC), a Gigante das Buscas criou o projeto “Digitais da Floresta” que, usando IA e bioquímica, dará suporte para autoridades e consumidores finais para descobrir se o produto adquirido é autorizado ou ilegal.
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O Digitais da Floresta busca entregar mais dados para apurar a origem da madeira: o projeto usa a composição química e isotópica das árvores nativas para identificá-las e ajudar a identificar a procedência do material.
Uma das tecnologias adotadas no projeto cria um modelo de rastreabilidade baseada no uso de isótopos estáveis (compostos por carbono, oxigênio e nitrogênio) para mapear a “impressão digital química” das árvores da Floresta Amazônica — somado a outros dados, isso pode ajudar a identificar material ilegal.
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“Em cada localidade, a composição isotópica da água da chuva e, consequentemente, a água do solo têm uma composição característica de isótopos estáveis, que são tipos de átomos do mesmo elemento, mas com massa atômica ligeiramente distinta”, explica a Diretora Executiva da TNC Brasil, Frineia Rezende. “Durante a vida, as árvores absorvem a água e outros elementos químicos, principalmente do solo e acabam apresentando uma composição isotópica semelhante à do local onde vivem”, complementa.
A comparação de dados acontecerá com 250 amostras de diferentes árvores nativas em 20 regiões da Amazônia disponíveis no Centro de Energia Nuclear da Agricultura da USP (CENA/USP).
Investimento milionário
Para viabilizar o projeto, o Google.org, o braço filantrópico da Gigante das Buscas, doará mais de R$ 5,4 milhões à TNC (metade em dinheiro e metade em créditos para a divulgação de projetos). A empresa também trará 13 especialistas em aprendizagem de máquina, geolocalização, UX Design e gerenciamento de projeto para reforçar a equipe da TNC Brasil.
A análise de madeira também será ampliada para mais pessoas no futuro. Ao lado da associação civil sem fins lucrativos Imaflora, o Google também trabalhará no desenvolvimento de uma API aberta para permitir que qualquer entidade rastreie a origem geográfica da madeira.
Por fim, o projeto apresentará uma plataforma web e um app para que qualquer pessoa ou entidade interessada possa monitorar zonas de desmatamento.
Monitoramento espacial
Também apresentada nesta terça-feira (4), a atualização do Earth Timelapse, do Google Earth, recebeu imagens da Amazônia de 2021 e 2022, que agora se somam a demonstração visual antes composta por visualizações de 1984 a 2020.
As informações podem ser utilizadas de diversas maneiras, seja para demonstrar o impacto da vida humana na floresta em sala de aula, seja para sustentar análises minuciosas de entidades responsáveis por preservação ambiental.
O recurso foi produzido com o Google Earth Engine, uma plataforma em escala planetária da gigante voltada a análise de dados do planeta Terra encorpada com tecnologia do Google Cloud.
Alerta de incêndios e inundações
Outra novidade anunciada pelo Google envolve uma parceria da empresa com o Instuto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a criação de uma ferramenta de IA usará imagens de satélite do Earth para detectar incêndios florestais antes que eles se alastrem. O mesmo sistema será utilizado para alimentar a função Alerta de Inundações, que conta com a parceria do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e pretende informar de maneira mais ágil populações em áreas afetadas.
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Fonte: Canaltech