A qualidade do ar na Amazônia cai significativamente em períodos secos, quando queimadas associadas ao desmatamento liberam grandes quantidades de material particulado — como fuligem — na atmosfera. O que surpreendeu os cientistas, em um estudo inédito realizado na floresta, é que muitas das partículas de fumaça não são daqui: elas têm origem na África.
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A pesquisa liderada por Bruna Holanda, doutoranda do Max Planck Institute for Chemistry, na Alemanha, mostrou que até dois terços da fuligem encontrada na Amazônia é proveniente do outro lado do Atlântico. “Estimávamos que a quantidade de fumaça proveniente da África estaria em torno de 5 ou talvez 15%. Na verdade, em alguns momentos ela chega a 60%,” afirma a cientista.
Segundo a autora, o valor demonstra uma alta eficiência de transporte atmosférico entre os continentes — as partículas viajam mais de 10 mil quilômetros, carregadas por massas de ar.
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É possível diferenciar as partículas pois elas apresentam características físico-químicas diferentes umas das outras. As originadas na África são maiores e contém menos matéria orgânica do que aquelas provenientes de queimadas na própria Amazônia. De acordo com os pesquisadores, isso acontece porque os incêndios florestais que criam estas partículas no continente africano são em savanas, gramados e florestas abertas, mais secos e menos densos que o bioma amazônico.
A combustão no ambiente de lá possui chamas maiores, que consome mais matéria orgânica. Já por aqui, o material úmido leva a uma combustão com menos ou sem chama, que atuaria de modo oposto. A pesquisa também foi capaz de identificar os períodos em que as partículas da África estão mais presentes no bioma brasileiro: de janeiro a março e de agosto a novembro.
A presença de material particulado na atmosfera tem efeitos adversos à saúde humana e ao ambiente. Partículas de fuligem retém uma grande quantidade de radiação solar, além disso, elas servem como núcleos de condensação da água das nuvens. Uma nuvem em contato com material particulado vai ter um excesso de núcleos de condensação, o que faz com que as gotas de chuva formadas sejam menores — podendo ser até pequenas demais para sequer caírem.
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Fonte: Canaltech