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Erupção do vulcão Tonga eliminou formas de vida completamente novas à ciência

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Erupção do vulcão Tonga eliminou formas de vida completamente novas à ciência - 1

Entre 2014 e 2015, uma ilha surgiu nos arredores do arquipélago de Tonga, fruto de uma erupção vulcânica subterrânea na região, trazendo consigo uma pletora de formas novas de vida. Essa incrível amostra do funcionamento do meio-ambiente, no entanto, durou curtos 7 anos, após os quais a maior erupção vulcânica do século XXI destruiu completamente a nova porção de terra do planeta, e, consigo, toda a nova vida que havia surgido.

A ilha se chamava Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, e vinha sendo estudada pelos cientistas no Oceano Pacífico. A questão mais curiosa é que os especialistas esperavam encontrar famílias de bactérias comuns, primeiros habitantes mais óbvios de um local isolado da Terra. O que eles encontraram, ao invés disso, foram micróbios estranhos vindos das profundezas marinhas, capazes de metabolizar enxofre e gases atmosféricos.

A ilha de Huna Tonga-Hunga Ha
A ilha de Huna Tonga-Hunga Ha’apai sobreviveu por 7 anos e abrigou bactérias únicas à ciência (Imagem: NASA/Wikimedia Commons)

Novíssimas formas de vida

O que se teorizava encontrar primeiro seriam cianobactérias, organismos vistos quando uma geleira retrocede, por exemplo, típicos pioneiros da colonização de novos afloramentos terrestres. Para estudar a ilha, os cientistas coletaram 32 amostras de solo de diversas superfícies não-vegetais, localizadas entre o nível do mar e o topo da ilha, a 120 metros de altitude, composto por uma cratera. O DNA contido nelas foi extraído e analisado em sequência.


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É comum que novas ilhas sejam populadas por bactérias do oceano ou trazidas pelas fezes de pássaros que sobrevoam a região. As bactérias da mais nova ilha, no entanto, se alimentavam de sulfato de hidrogênio e enxofre, provavelmente vindo de redes vulcânicas do subsolo até a superfície. Das 100 principais bactérias sequenciadas, os pesquisadores não puderam classificar 40% em nenhuma família conhecida, sendo totalmente novas à ciência.

Tais micróbios eram muito parecidos com os que encontramos em fontes hidrotermais, fumarolas subterrâneas extremamente quentes, e em outros sistemas vulcânicos. Com tristeza, os pesquisadores relatam esperar que a ilha continuasse por aí para ser estudada por mais alguns anos — havia planos para retornar ao local logo antes da sua explosão. Mesmo assim, a localidade conferiu uma capacidade melhor de prever o que acontece quando ilhas novas se formam, então já há planos de ação para o caso disso acontecer novamente.

Hunga Tonga-Hunga Ha’apai foi nomeada em referência às duas ilhas entre as quais surgiu, começando a se formar no subterrâneo em dezembro de 2014, com a erupção de seu vulcão. A massa emergiu do mar em janeiro de 2015, formando 1,9 km² de área e sendo a terceira porção de terra a surgir nos últimos 150 anos e permanecer por mais de um ano. Também foi a primeira em uma região tropical, aumentando o aspecto especial da ilha.

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Fonte: Canaltech