As embalagens estão presentes em praticamente todos os produtos que consumimos. Seu descarte, bem como o material base, influenciam para a degradação, ou não, do meio ambiente
Atualmente, muito se discute acerca da temática sustentável e, cada vez mais, novas medidas têm aparecido no mercado como alternativas que auxiliam na redução dos impactos ambientais negativos.
Um dos principais pontos debatidos nessa questão é o uso recorrente de embalagens, sejam elas de plástico, papel ou papelão, uma vez que compreendem um amplo padrão consolidado mundo afora.
De fato, a contestação é extremamente necessária, pois as embalagens são as principais responsáveis pela superlotação de lixões e aterros sanitários, além, é claro, da poluição de rios e oceanos. Hoje, os embrulhos e pacotes compreendem, basicamente, a maior adversidade ambiental, afetando até mesmo as economias governamentais.
A importância das embalagens
Mais do que simplesmente armazenar e proteger os produtos, os embrulhos apresentam ao consumidor a cultura — e propaganda — de determinada marca, revelando diversos aspectos e posicionamentos organizacionais.
Elas representam uma posição, em concepções ambientais, pois cada recipiente afeta o ecossistema de maneira única, neutra ou negativa. Dificilmente encontra-se um invólucro capaz de melhorar efetivamente os espaços naturais.
Cada vez mais, sobretudo em relação às gerações mais novas, uma nova demanda informativa, direcionada às empresas, está sendo muito mais exigida.
Foi nesse contexto de crescente conscientização que as embalagens biodegradáveis difundiram-se, assim, por todo o mercado mundial. Lançados com o intuito de substituir as alternativas tradicionais, rapidamente, os pacotes eco-friendly caíram nas graças do grande público, sendo oferecidos em mercados, mercearias e estabelecimentos diversos — principalmente os pertencentes ao setor alimentício.
Definindo uma embalagem como biodegradável
Pode-se segmentar todas as embalagens em cinco principais categorias: não recicláveis, recicláveis, oxibiodegradáveis, biodegradáveis e compostáveis. Geralmente, há uma confusão entre os diferentes grupos, fator que pode levar a concepções errôneas sobre a real efetividade dos diferentes tipos.
É preciso, então, explicar a definição da expressão “biodegradável”. Conforme a norma 15448-2 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), órgão brasileiro responsável por definir e regulamentar os produtos desse conjunto, as embalagens biodegradáveis são aquelas que podem ser desintegradas em partículas de 2 milímetros em, no máximo, três meses, esse processo deve, exclusivamente, ocorrer por meio da atividade de bactérias e fungos, os chamados microrganismos aeróbios.
Para aferir categoricamente esse funcionamento, a associação calcula os níveis de toxicidade e emissão de gás carbônico (CO2).
Diferenças entre biodegradável e compostável
Cada país possui um protocolo particular que regulariza os produtos entre biodegradáveis e compostáveis, constantemente confundidos. No caso brasileiro, como citado anteriormente, o instituto responsável é a ABNT.
Para conceber os aspectos de distinção, é possível empregar o princípio que diz: “nem toda embalagem biodegradável é compostável, mas toda embalagem compostável é biodegradável”.
Ao contrário da já citada definição de biodegradável, as embalagens compostáveis são as que se deterioram rapidamente, além de produzirem, durante o processo de decomposição, apenas água, gás carbônico e húmus.
Há desvantagens em utilizar embalagens biodegradáveis?
A primeira adversidade apresentada por esse tipo de embrulho é que, para que sejam de fato biodegradáveis, precisam ser lançados em centrais de compostagem.
Porém, mesmo que direcionados para a coleta seletiva, esses pacotes são descartados como lixo comum, utilizados para a queima energética. Os poucos centros especializados em compostagem presentes no Brasil estão sendo desativados por falta de investimentos e manutenção.
Dessa maneira, a principal solução, por enquanto, é enfatizar a conscientização dos consumidores, para que o descarte seja realizado de maneira competente, além de incentivos para a criação de sistemas caseiros de compostagem.
Embalagens biodegradáveis
Embalagem de poliácido lático (PLA)
Esse tipo de plástico foi desenvolvido para substituir as categorias tradicionais. Além da biodegradação, o PLA tem como característica fundamental a alta reciclabilidade e a possibilidade de aplicar a compostagem, além de ser utilizado para dezenas de finalidades: pacote para alimentos, produtos de higiene, cosméticos, etc.
Entretanto, a composição do poliácido lático não permite que os produtos resistam a altas temperaturas e impactos fortes.
A degradação completa é de, aproximadamente, 6 meses.
Embalagens de celofane
As embalagens de celofane são produzidas à base de celulose, fonte inteiramente vegetal, o que faz delas produtos biodegradáveis e também compostáveis.
Sua principal desvantagem é não poder embalar substâncias aquosas, não podendo também ser reciclada após ser condicionada em coleta seletiva.
Sua degradação é de 5 anos.
Embalagens de papel
Utilizada há mais de 10 mil anos, a embalagem de papel é, até hoje, uma das principais alternativas biodegradáveis, podendo ainda ser facilmente reciclada. Mesmo que não haja possibilidade de compostagem, os pacotes de papel podem ser direcionados, por meio da coleta seletiva, para a reciclagem.
A degradação depende das dimensões da embalagem, entretanto, a média é de 6 meses.
Embalagem de resíduos vegetais
Bagaço da cana-de-açúcar, cogumelos e folhas de bananeira são apenas algumas opções que compreendem essa alternativa natural de embalagens.
Apesar da diversidade de materiais orgânicos disponíveis para a função, os preços elevados ainda são a maior desvantagem.
O benefício crucial é a neutralização completa dos impactos negativos ao meio ambiente, servindo, até mesmo, dependendo da matéria, como fertilizante.