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Derretimento das geleiras no Himalala cresce 65% em uma década

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Derretimento das geleiras no Himalala cresce 65% em uma década - 1

As geleiras que cobrem as montanhas mais altas da Terra no Himalaia estão cada vez mais em risco — entre 2011 e 2020 o derretimento do gelo nesta região do planeta cresceu 65% em relação à década anterior. A descoberta foi divulgada através de um relatório do ICIMOD — Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas, organização intergovernamental que reúne oito países do leste asiático para estudo e gestão das cadeias montanhosas.

Montanhas do Himalaia vistas a partir da Estação Espacial Internacional (ISS). As geleiras da região passam por um derretimento acelerado, que aumentou em 65% na última década (Imagem: NASA/Wikimedia Commons)
Montanhas do Himalaia vistas a partir da Estação Espacial Internacional (ISS). As geleiras da região passam por um derretimento acelerado, que aumentou em 65% na última década (Imagem: NASA/Wikimedia Commons)

A região do Hindu Kush Himalaia se estende por 3.500 quilômetros, atravessando Afeganistão, Bangladesh, Butão, China, Índia, Mianmar, Nepal e Paquistão. Cerca de 240 milhões de pessoas residem neste perímetro. Além disso, outros 1,65 bilhões se encontram nos vales dos rios que fluem a partir das montanhas. Somado, esse contingente populacional equivale a quase 20% da humanidade.

Um quinto da humanidade em risco

O derretimento do Himalaia, porém, põe em risco esse enorme número de pessoas: estas comunidades dependem da água do degelo sazonal das montanhas para sua sobrevivência. Com o derretimento descontrolado, a segurança hídrica da região fica em risco. “Conforme esquenta, o gelo vai derreter — isso é esperado,” disse Philippus Wester, um dos responsáveis pelo relatório, em entrevista à AFP. “Mas o que é inesperado e muito preocupante é a velocidade. Isso está acontecendo muito mais rápido do que imaginávamos.”


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O estudo divulgado nesta terça-feira (20) destaca que as geleiras podem perder até 80% de seu volume até o final do século, caso as emissões de gases estufa sigam os padrões projetados. Com isso, rios como o Ganges, na Índia, o Rio Amarelo, na China e o Mekong na Tailândia estariam ameaçados — o que impactaria o abastecimento da população, a agricultura e a geração de energia de seus respectivos países. “As consequências de perder essa criosfera são muito vastas para se contemplar,” afirma Izabella Koziell, diretora do ICIMOD.

Vista de satélite do delta do Rio Amarelo. O segundo maior rio da China estaria em risco com o derretimento descontrolado das geleiras do Himalaia (Imagem: NASA Earth Observatory/Lauren Dauphin/Wikimedia Commons)
Vista de satélite do delta do Rio Amarelo. O segundo maior rio da China estaria em risco com o derretimento descontrolado das geleiras do Himalaia (Imagem: NASA Earth Observatory/Lauren Dauphin/Wikimedia Commons)

O patamar de 80% de perda pode ser evitado caso a humanidade consiga restringir o aquecimento global à faixa de 1,5 ºC a 2 ºC em relação aos níveis pré-industriais, mas, mesmo assim, cerca de 33% do volume de gelo ainda estaria comprometido. Wester destaca que isso exige “ações climáticas urgentes.” O pesquisador completa que “cada pequeno acréscimo [na temperatura] terá enormes impactos e nós realmente precisamos trabalhar na mitigação deles.”

Injustiça climática

As mudanças climáticas vêm proporcionando desastres ao redor de todo o globo, mas comunidades mais socioeconomicamente vulneráveis tendem a sentir os impactos de forma ainda mais grave — apesar de serem as que menos contribuem em termos de emissões de gases estufa. Este é o caso no Himalaia. Amina Maharjan, especialista em habitação e migrações, diz que as pessoas no Himalaia não possuem o apoio necessário. De acordo com a especialista, o preparo da região está muito aquém do ideal para enfrentar os desafios que virão nos próximos anos.

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Fonte: Canaltech