Já é consenso na comunidade científica que há uma onda de calor no planeta. Essa temperatura extrema atinge também o oceano, e causa preocupações por conta dos possíveis estragos. Em comunicado, a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) anunciou que rastreou um aumento constante nas temperaturas do oceano desde abril de 2023, o que levou, por exemplo, a um estresse térmico sem precedentes na Bacia do Caribe, incluindo as águas ao redor da Flórida e no Golfo do México.
No comunicado, a NOAA explicou que as ondas de calor marinhas são geralmente definidas como qualquer momento em que a temperatura do oceano esteja acima do percentil 90 por um período de tempo específico.
“Isso significa que as temperaturas são mais quentes do que 90% das observações anteriores para uma determinada época do ano. As ondas de calor marinhas podem durar semanas, meses ou anos. As condições das ondas de calor marinhas são monitoradas pelo Laboratório de Ciências Físicas da NOAA”, diz a instituição.
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Segundo a NOAA, as temperaturas da água em todo o Golfo do México e no Mar do Caribe estiveram aproximadamente 3 ºC mais quentes do que o normal. Enquanto isso, as temperaturas no sul da Flórida são as mais quentes já registradas (desde 1981).
“Dado que estamos no auge da temporada de furacões no Atlântico e o Atlântico Norte tropical já está quente, as temperaturas oceânicas extremamente quentes no Caribe e no Golfo do México são preocupantes. As tempestades tropicais em desenvolvimento que passam para a região podem se fortalecer como resultado dessas condições. A onda de calor marinho em andamento no sul da Flórida pode impactar ecossistemas marinhos sensíveis na região, como corais de águas rasas”, completa o comunicado.
A instituição reitera que as previsões experimentais de ondas de calor marinhas da NOAA indicam uma chance de 70% de que temperaturas extremas do oceano persistirão no sul do Golfo do México e Caribe Mar até pelo menos outubro de 2023.
Calor ameaça vida nos oceanos
Esse calor extremo na Flórida ameaça vida de corais no oceano. Os corais podem sobreviver rotineiramente a temperaturas do mar entre 21 a 28,8°C, mas o oceano da Flórida chegou a alcançar 32,2 °C vários dias no início deste mês.
Segundo a NOAA, o oceano absorve 90% do excesso de calor associado ao aquecimento global, e as ondas de calor marinhas causam estresse aos corais e outros ecossistemas marinhos. A exposição a temperaturas extremas por longos períodos de tempo causa uma quebra na relação entre os corais e as algas que vivem dentro deles. O coral fica pálido ou branco, ou seja, branqueado. A falta de alimento das algas pode levar à morte do coral.
“Se o estresse térmico não diminuir, o coral morrerá. A mortalidade se torna provável se os corais experimentarem temperaturas oceânicas 1 °C acima da média mensal máxima histórica por dois meses, ou 2 °C acima da média mensal máxima histórica por um mês”, alerta.
Para garantir a sobrevivência da vida marinha, o grupo sem fins lucrativos Coral Restoration Foundation vem coletando amostras de cepas genéticas de corais e colocando em instalações onde os parâmetros da água podem ser controlados e protegidos.
Calor extremo nos oceanos é o “novo normal”?
Segundo o Monterey Bay Aquarium, o calor extremo nos oceanos ultrapassado um ponto sem retorno em 2014, e as temperaturas não devem parar de subir. O relatório descreve que as ondas de calor intenso no oceano global ocorreram em pelo menos 50% do tempo desde então.
O ecologista Kyle Houtan, coautor do estudo, alertou na ocasião que as mudanças climáticas não nos esperam no futuro: “é algo que é um fato histórico e já ocorreu”. Desde 2014, os extremos não param de subir. Em 2019, aproximadamente 57% do oceano global sofreu com ondas intensas de calor. E como vemos, a tendência é alarmante.
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Fonte: Canaltech