A ciência tem notado um aumento no número de lagos no planeta Terra ao longo dos últimos 40 anos. E, embora não pareça, isso é preocupante, já que o desenvolvimento resulta em um aumento dos gases do efeito estufa, emitidos pelos reservatórios de água do mundo.
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Entre 1984 e 2019, a superfície terrestre referente a lagos cresceu, mundialmente, em mais de 46.000 km², um pouco maior do que a área da Dinamarca, para fins de comparação. Esses corpos d’água produzem, constantemente, dióxido de carbono, óxido nitroso, metano e muitos outros gases, subprodutos da alimentação de fungos e bactérias do fundo, que comem plantas e animais mortos do local.
Consequências do aumento dos lagos
Em termos de emissão carbônica, o aumento anual proporcional ao acréscimo nos lagos representa 4,8 teragramas (trilhões de gramas), ou quase 5 milhões de toneladas de CO₂, equivalente a todas as emissões pelo Reino Unido em 2012, por exemplo. As mudanças, segundo os cientistas, estão maiores e mais rápidas do que o normal.
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Além dos gases do efeito estufa, o ecossistema e o acesso a recursos hídricos também vêm sofrendo com essas modificações. Novos conhecimentos sobre a extensão e a dinâmica dos lagos no mundo nos tem permitido calcular melhor seu potencial de emitir gás carbônico.
Para a pesquisa que agrupa esses dados, foram utilizadas tecnologias de imageamento por satélite e algoritmos de aprendizado profundo, cobrindo 3,4 milhões de lagos por todo o mundo. Lagos pequenos (menores do que 1 km²), inclusive, são especialmente importantes para o cálculo de gases do efeito estufa, já que geram um volume de emissões alto em relação ao seu tamanho.
Influência dos lagos pequenos
Os lagos menores acabam representando apenas 15% da cobertura global desses corpos d’água, mas são responsáveis por cerca de 45% do aumento em emissões de gás carbônico e 59% do aumento nas emissões do gás metano no período estudado pelos cientistas.
Segundo os especialistas, a emissão é desproporcional porque, normalmente, lagos pequenos acabam acumulando mais matéria orgânica, que acaba sendo convertida em gases. Eles também costumam ser mais rasos, o que facilita a subida das substâncias até a superfície e então para a atmosfera.
Além disso, os corpos aquáticos menores são mais sensíveis às mudanças no clima e no tempo, bem como às intervenções humanas. Seu tamanho e química da água, portanto, acabam tendo grandes variações, o que pede identificação e mapeamento mais urgentes, já que também são mais custosos.
Mais do que a metade do aumento na cobertura dos lagos ocorreu devido à interferência humana, principalmente pela construção de reservatórios; o restante acaba caindo na conta do derretimento das geleiras e do permafrost, decorrentes do aquecimento global.
Espera-se que os dados sejam úteis para modelos climáticos futuros, já que uma quantia considerável de gases do efeito estufa em potencial pode vir das superfícies de lagos, dado que o derretimento do gelo pelo mundo segue aumentando. Com os dados, também será possível estimar melhor os recursos aquáticos de água doce e avaliar o risco de alagamentos, bem como melhor gerenciamento dos locais, já que isso também impacta na biodiversidade.
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Fonte: Canaltech