O Google Earth recebeu um conjunto de melhorias nos últimos anos para ter um caráter utilitário para sociedade civil e empresas. Agora, o aplicativo ganhou um sistema de timelapse com os últimos dois anos sobre a Floresta Amazônica e expandirá os alertas de emergência para populações em áreas de risco.
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Essas adições mais recentes estão relacionadas à implementação de inteligência artificial e aprendizado de máquina. O foco é aplicar o conhecimento tecnológico acumulado nos últimos anos no combate a desastres naturais e em questões ambientais, como desmatamento e queimadas.
4. Timelapse do Google Earth
A primeira novidade apresentada pelo Google foi o chamado “Timelapse da Terra” (Earth Timelapse, em inglês), que permitirá acompanhar as mudanças nas florestas entre 2020 e 2022.
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A ferramenta é integrada ao Google Earth e apresenta uma réplica digital em 3D do planeta Terra, sobre a qual são colocados os mapas. Ali é possível visualizar como a Amazônia (e outros biomas) mudaram nos últimos dois anos.
Até então, o recurso oferecia imagens comparativas entre 1984 e 2020. Esse avanço amplia a possibilidade de monitorar o avanço do desmatamento, como explicou a Diretora do Google Earth, Earth Engine & Outreach, Rebecca Moore.
“Com o Google Earth Timelapse, é possível oferecer uma interação mais imersiva. Há professores usando o recurso nas salas de aula, ativistas para alertar sobre questões ambientais e usuários para saber como o mundo está mudando”, explicou Moore.
Exemplos de uso do Timelapse do Earth
Um dos exemplos exibidos pela diretora mostra a área da Amacro — 32 municípios dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia — e a devastação causada pelo garimpo, pelas derrubadas de árvores e pela colonização humana.
Em outro caso, Moore apresentou a história do povo indígena Uru-eu-wau-wau, que precisarão defender seu território contra a invasão ilegal de fazendeiros e madeireiros. Com a ferramenta do Google, é possível notar como as áreas em volta da terra demarcada foram devastadas, mas a região habitada pelos indígenas seguiu intacta nos últimos 20 anos.
“O catálogo de imagens de satélites é comparado com o banco de dados geoespaciais, o que gera as informações para a linha do tempo. É possível notar como florestas, água, ecossistemas e agricultura mudam com o tempo”, ressaltou a diretora do Google Earth.
3. Combate às queimadas
O recurso Alerta SOS sobre incêndios existe desde 2017 nos Estados Unidos e em outras regiões, mas só chegou ao Brasil recentemente. Em 2021, a companhia adicionou toques de IA para subsidiar informações úteis sobre as queimadas e incêndios florestais, inclusive com alertas para moradores das regiões afetadas.
Em outubro do ano passado, o Google começou a expandir essa ferramenta para mais regiões, incluindo o Brasil. Agora, graças a uma colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a Big Tech passa a oferecer a detecção precoce de incêndios florestais e alertas de inundações.
Os alertas de incêndios conseguem identificar fogo em estágio inicial, o que possibilita uma atuação rápida do Corpo de Bombeiros. Além de obviamente evitar a queimada que elimina a fauna e a flora local, a medida pode evitar a liberação de grandes quantidades de CO2 na atmosfera.
Além disso, se ocorrer próximo a áreas habitadas, as autoridades podem agir para remover as pessoas da região. Essa medida é fundamental em locais de vegetação seca ou em períodos sem chuva, quando os focos de combustão espontânea surgem com maior frequência.
2. Alertas de enchentes
Ainda sobre o salvamento de vidas, o Google Earth e o Google Maps possuem recursos para emitir avisos sobre possíveis inundações. O recurso já opera em fase experimental desde o ano passado e deve ser expandido para mostrar previsões em 47 cidades até o fim do primeiro semestre de 2023.
O Google pretende otimizar a plataforma de alerta de inundações para enviar notificações para celulares Android. Dessa forma, as pessoas seriam notificadas quando houver risco na área, mesmo que não usem as aplicações da empresa.
O Alerta SOS será ativado em regiões onde há estado crítico de segurança, trazendo notícias e links úteis para falar com autoridades. A ferramenta fica naturalmente posicionada no topo dos resultados da Busca orgânica durante uma pesquisa sobre incidentes locais, como “enchente em [nome do local]”.
Se a consulta for feita em uma região afetada, com o uso da geolocalização do aparelho, as pessoas serão convidadas a acionar as autoridades e adotar medidas de proteção à vida. Pelo Maps, será possível visualizar regiões afetadas em tempo real. Também serão mostrados telefones úteis, links para sites e notícias sobre os acontecimentos relacionados.
O Diretor de Parcerias o Google na América Latina, Newton Neto, explica que a previsão de inundações consegue antever desastres com até 5 dias de antecedência. Isso ocorreria graças ao uso de aprendizado de máquina e inteligência artificial combinados em cálculos precisos.
“Nos últimos cinco meses, foram emitidos 58 alertas em seis estados brasileiros, cobrindo uma população de 4,4 milhões de pessoas”, informou o executivo.
1. Combate a derrubadas e ocupações ilegais
Outro recurso interessante é o uso da inteligência artificial para o chamado “sensoriamento remoto”. A ferramenta consegue mapear indícios de estradas ou casas em regiões de mata fechada para indicar uma potencial ação humana.
Segundo o Diretor Executivo do Imazon, Carlos Souza Junior, isso ajuda as autoridades a agir antes que áreas inteiras sejam devastadas ou exploradas ilegalmente. “A criação de estradas é o primeiro indício de uma ocupação humana, por isso essa ferramenta tem grande potencial preventivo”, explicou Carlos Souza.
Essa mesma tecnologia também é capaz de mapear corretamente os rios e os afloramentos rochosos. Junior explica que isso permite apresentar dados mais confiáveis sobre o efetivo desmatamento, algo que ainda era colocado em dúvida apenas com a análise humana visual.
As inovações foram apresentadas na última quarta-feira (4), durante o evento Sustentabilidade com o Google – Amazônia, realizado em Belém (PA). O Canaltech esteve no evento à convite do Google.
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Fonte: Canaltech