A história para chegar aos atuais e práticos testes de gravidez, feitos com urina, nem de longe é linear, mas começou há cerca de 4 mil anos com os egípcios, conforme revela um texto antigo de 1350 a.C., o Papiro de Berlim.
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Antes de mergulhar na antiguidade, vale dizer que os testes de gravidez, como conhecemos hoje, surgiram apenas no final dos anos 1960 e se estabeleceram no mercado nos anos de 1970. Desde então, eles funcionam a partir da detecção do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) na urina de mulheres grávidas.

Este hormônio é produzido pelas células da placenta durante a gestação e começa a ser detectado pelo exame de xixi após a menstruação atrasar ou a partir do décimo dia da fecundação — o encontro do espermatozóide com o óvulo, iniciando o processo de formação do embrião. Neste último caso, há risco de falso-positivo e falso-negativo. Por isso, vale sempre confirmar com um exame de sangue em laboratório.
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Os biomarcadores encontrados na urina
Hoje, a ciência sabe que a urina pode revelar diferentes problemas e questões de saúde, como diabetes, hipertensão (pressão alta), infecções ou mesmo lúpus eritematoso sistêmico, além da gravidez. No entanto, há milhares de anos, estes biomarcadores eram completamente desconhecidos.
Apesar disso, os antigos sabiam que algo sobre o fato da possibilidade de uma gestação ser encontrado a partir da urina da mulher, de forma conjunta com outros sinais, como atraso na menstruação e enjoos.
Teste de gravidez do Egito
Em artigo na revista científica Clinical Chemistry, a pesquisadora Glenn Braunstein, do Centro Médico Cedars-Sinai, nos Estados Unidos, descreve como era um teste “padrão” de gravidez feito no Egito Antigo, com base na tradução do papiro de Berlim.

De forma simples, a mulher com suspeita de gravidez precisava urinar, por alguns dias, em dois sacos com grãos de cevada e de trigo. Ambos continham, além dos grãos, tâmaras e areia. Após o experimento, os seguintes resultados indicavam as possibilidades da gestação:
- Se os dois sacos de grãos germinassem, a mulher daria à luz;
- Se apenas o trigo nascer, ela dará à luz a uma criança do sexo feminino;
- Se apenas a cevada nascer, ela dará à luz a uma criança do sexo masculino.
Embora não seja possível identificar nenhuma relação lógica entre o sexo da criança e o grão que se desenvolve, está certo que o metódo conseguia prever, com algum nível de exatidão, um caso de gravidez.
“É provável que o estrogênios e possivelmente outros fatores de crescimento, presentes na urina da gravidez, sejam os responsáveis pela estimulação do crescimento das plantas neste e em outros testes baseados em plantas descritos em papiros e textos posteriores”, explica a autora Braunstein, no artigo.
Saindo do Egito, a ideia de que a urina estava associada à gravidez ganhou bastante força durante a Idade Média, na Europa. A questão foi seguida ao pé da letra de modo que alguns médicos da época ganharam a alcunha de “profetas do mijo” por analisarem alterações na urina, como na coloração, relacionadas com uma possível gestação. Inclusive, o líquido era misturado com vinho em alguns testes.
Novos testes com xixi na Idade Contemporânea
Só mais “recentemente”, em 1930, é que pesquisadores publicaram na revista Medical History uma análise revisitando o método de predição egípcio da gravidez através da urina. Por incrível que pareça, o exame tinha, em partes, base científica. Segundo os autores, a urina das mulheres grávidas provocava, em 70% dos casos, a germinação dos grãos. Apesar disso, nenhuma relação foi estabelecida com o sexo da criança.
Perto deste ano, outros cientistas usavam a urina de mulheres possivelmente grávidas para inocular em outras criaturas, como camundongos e coelhos. Caso as substâncias presentes no xixi provocassem alterações no ovário, observadas nos exames de necropsia, este era um sinal positivo de gestação. Outros testes foram feitos com sapos, mas foi apenas em 1950 que a atual geração de exames rápidos de gravidez começou a ser desenvolvida. No início, eram altamente imprecisos.
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Fonte: Canaltech