Desde o início da pandemia de COVID-19, a relação entre o novo coronavírus (SARS-CoV-2) e outras doenças, bem como suas consequências, ainda é um mistério analisado pela medicina. Na última segunda-feira (27), foi publicado um estudo da Universidade de Hamburgo-Eppendorf, da Alemanha, em que os autores analisaram autópsia de pessoas confirmadas para COVID-19 em busca de uma relação entre a doença e infecção cardíaca.
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O estudo utilizou dados de 39 casos de autópsia entre 8 de abril e 18 de abril de 2020, em que todos os pacientes apresentaram resultado positivo para COVID-19. O argumento que introduz a pesquisa é que, em pacientes com a doença em questão, o envolvimento cardiovascular tem ocorrido com frequência. Os pesquisadores fazem alerta para insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, taquicardia e sepse, e principalmente lesão no miocárdio (um músculo cardíaco, isto é, a própria parede do coração).
Para a realização do estudo, foi coletado tecido cardíaco durante a autópsia, com intervalos médios de três dias pós-morte. Duas amostras de tecido foram retiradas do ventrículo esquerdo e congeladas rapidamente em nitrogênio líquido para posterior análise. A idade média dos 39 indivíduos foi de 85 anos, e 23 deles eram mulheres. A pneumonia foi avaliada como causa de morte em 35 indivíduos, e comorbidades como hipertensão, doença arterial coronariana e diabetes foram frequentes. 15 das 39 autópsias (38,5%) não possuíam SARS-CoV-2 no miocárdio.
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“Nossas descobertas revelaram que a localização mais provável da SARS-CoV-2 está em células intersticiais ou macrófagos que invadem o tecido do miocárdio. No entanto, isso deve ser analisado com mais detalhes nos próximos estudos”, aponta a pesquisa.
“Nossa análise enfatiza que não há aumento de células inflamatórias em casos de COVID-19 sem miocardite clínica. A idade dos idosos pode ter influenciado os resultados. Presumivelmente, em estudos de não-autópsia, a incidência de infecção por vírus será diferente. Como um estudo de autópsia, temos apenas informações clínicas limitadas. Portanto, estudos futuros são necessários para revelar se a expressão de citocinas se correlaciona com a disfunção cardíaca durante a doença e suas consequências. Além disso, nenhuma informação está presente sobre os biomarcadores do miocárdio, que podem ter sua regulação aumentada devido à infecção por SARS-CoV-2”, o estudo ainda acrescenta.
A conclusão foi a seguinte: “Os dados atuais indicam que a presença de SARS-CoV-2 no tecido cardíaco não causa necessariamente uma reação inflamatória consistente com miocardite clínica. As consequências a longo prazo desta infecção cardíaca requerem uma investigação mais aprofundada”.
COVID-19 deixa coágulos
Na primeira quinzena de julho, pesquisadores do NYU Langone Medical Center analisaram a autópsia de pacientes com COVID-19 e mostraram que coágulos sanguíneos da doença estavam presentes não apenas nos pulmões, mas também em quase todos os órgãos das vítimas.
Os pesquisadores esperam descobrir como essas células influenciam a coagulação na COVID-19. Além disso, os patologistas ficaram surpresos com algo que não encontraram: durante os estágios iniciais da pandemia, os médicos pensaram que o vírus provocaria miocardite (inflamação da camada média da parede do coração), mas as autópsias mostraram incidentes muito baixos de inflamação no local. Os especialistas tiveram a chance de examinar os órgãos de muitas vítimas de COVID-19 e investigar os processos de doenças que ocorrem de maneira secundária.
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Fonte: Canaltech