Um novo estudo aponta que o medicamento molnupiravir, primeiro aprovado oficialmente para o tratamento de covid-19, pode ser responsável pelo surgimento de novas variantes do vírus causador da doença. Ainda em versão preprint, ou seja, ainda não revisado por pares, o artigo veio de cientistas da Imperial College London e do Francis Crick Institute e está cercado por algumas controvérsias.
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Produzido pela MSD, o fármaco induz mutações no genoma viral do SARS-CoV-2 para matá-lo ao prejudicar sua multiplicação e efetividade. Os pesquisadores, então, analisaram 13 milhões de sequenciamentos genéticos do patógeno disponíveis no banco de dados GISAID, buscando mutações causadas pelo remédio. A teoria é de que, ao invés de levar o vírus a ter o RNA genômico mutado aleatoriamente, aconteceriam substituições específicas de ácidos nucleicos, potencialmente perigosas.
Achados e controvérsias
Tais substituições começaram a surgir após o uso generalizado do antiviral, notadas em número 100 vezes maior em países com amplo uso do molnupiravir, como Reino Unido, Austrália e Estados Unidos. O temor dos cientistas é que, ainda viáveis, esses vírus mutados pudessem sobreviver ao tratamento e competir com as variantes já presentes no mundo.
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Outros pesquisadores apontam, no entanto, que as mutações geradas pelo medicamento não significam uma transmissibilidade ou severidade maior da infecção pelo coronavírus. Elas apenas significam que o patógeno está se adaptando, como qualquer outro microorganismo faz em seu ambiente e sob condições parecidas.
A MSD enviou uma nota a jornais como O Globo afirmando que os autores do estudo chegam a assumir que as mutações foram associadas ao tratamento com o fármaco sem evidências de que as sequências do vírus houvessem sido isoladas dos pacientes tratados, portanto confiando que as associações feitas entre as origens da mutação e a época da coleta, quando o molnupiravir foi usado, tivessem uma correlação.
O medicamento está disponível em dezenas de países, incluindo o Brasil. Aqui, ele foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para adultos com mais de 18 anos sem a necessidade de aparelhos para respirar nem risco aumentado de progressão da doença, em ocorrências mais graves. Trabalhos sobre o antiviral oral já apontaram tanto riscos quanto benefícios pelo seu uso, inclusive que pode estar causando novas variantes em pacientes imunocomprometidos. Quanto ao vacinados, o remédio teria efeitos limitados.
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Fonte: Canaltech