A covid-19 ainda é uma ameaça ao mercado de trabalho, embora estratégias de combate ao vírus tenham sido desenvolvidas nos últimos anos e exista a ideia de que a pandemia esteja no fim. Por exemplo, a fase aguda da infecção já é normalmente controlável para a maioria das pessoas e, em menos de duas semanas, o funcionário volta a ocupar suas funções habituais. No entanto, alguns indivíduos são afetados, de forma duradoura ou permanente, pela doença, desenvolvendo a condição conhecida como covid longa.
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Para entender, a covid longa é caracterizada pela presença de um ou de um conjunto de sintomas que afetam pessoas recuperadas da infecção pelo SARS-CoV-2. Entre os relatos mais comuns, estão: névoa mental, fadiga, tosse, dificuldades respiratórias e alterações no sono.
Quadros do tipo duram pelo menos três meses e são mais comuns nos indivíduos que desenvolveram formas graves da infecção — no entanto, mesmo jovens saudáveis podem enfrentar essas sequelas. Enquanto está com a covid longa, o trabalhador não consegue entregar 100% de rendimento ou permanece afastado, dependendo da intensidade dos sintomas.
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Impacto da covid longa no mercado de trabalho
Embora a covid longa seja uma complicação bastante séria, a ciência ainda não compreende as suas origens e faltam dados para desenhar um panorama fiel do seu impacto no mercado de trabalho, apesar dos alertas feitos por médicos e profissionais da saúde. Por exemplo, no Brasil, não existem estatísticas nacionais sobre o problema.
Nos Estados Unidos, o cenário da covid longa é um pouco melhor rastreado, mas ainda assim falta abrangência nacional, segundo especialistas. Neste ponto, um relatório sobre a condição em trabalhadores joga luz sobre a incidência do problema no estado de Nova York.
O levantamento foi organizado pelo New York State Insurance Fund — uma das maiores empresas seguradoras que atendem trabalhadores em casos de acidentes de trabalho. Segundo a pesquisa, quase um terço das 3.139 reivindicações de seguro relacionadas à covid-19 poderiam ser classificadas como casos de covid longa.
Analisando esses dados dos primeiros dois anos da pandemia — entre janeiro de 2020 e março de 2022 —, foi possível identificar que 71% dos trabalhadores com covid longa, que recorreram ao fundo para obter o seguro, necessitaram de tratamento médico contínuo ou permaneceram incapazes de trabalhar por pelo menos seis meses.
Passado um ano da infecção pelo coronavírus, 18% destes pacientes com covid longa ainda não tinham retornado ao trabalhado. Entre esses indivíduos, mais de três quartos deles estavam com menos de 60 anos. Em outras palavras, eram indivíduos no auge da idade produtiva.
Números da covid longa são conservadores
“É uma estimativa bastante conservadora”, comenta Gaurav Vasisht, diretor-executivo do fundo de seguros, para o jornal The New York Times. “Não está capturando pessoas que podem ter voltado ao trabalho e não procuraram atendimento médico e, mesmo assim, ainda podem estar enfrentando a covid longa”, acrescenta.
Outro ponto que o executivo destaca é o futuro desses trabalhadores afastados pela covid longa. “Quanto mais tempo você fica sem trabalhar, mais difícil é para você voltar ao trabalho, e isso pode estigmatizar os pacientes”, comenta. O quadro “pode ser altamente problemático para as vidas familiares e profissionais” deses indivíduos, completa.
“O relatório mostra que, mesmo que as mortes pela covid-19 tenham diminuído, a covid ainda não acabou e não vai acabar tão cedo”, afirma David Cutler, professor de economia da Universidade de Harvard, sobre o desafio imposto pela covid longa.
Vale lembrar que, para reduzir o risco da covid longa, uma boa estratégia é receber as vacinas disponíveis contra a covid-19, incluindo as doses de reforço, segundo pesquisa liderada por cientistas do Instituto Nacional de Estatísticas Britânico.
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Fonte: Canaltech