Saúde & Bem-estar

Cientistas descobrem que células do câncer são mais rápidas em fluidos viscosos

Publicidade



Cientistas descobrem que células do câncer são mais rápidas em fluidos viscosos - 1

Desvendar a migração celular, mecanismo de movimento das células pelo corpo, pode ajudar médicos e cientistas a compreender melhor a progressão de doenças como o câncer, especialmente durante a metástase, e também movimentos fisiológicos saudáveis. Essencial para o desenvolvimento humano, o fenômeno ocorre desde o útero, fazendo as partes do corpo crescerem corretamente, até a cicatrização de feridas.

A compreensão científica sobre o movimento das células esteve ligada, no último século, à quimiotaxia, sinais bioquímicos que as direcionam pelo corpo. Algumas células imunes, por exemplo, chamadas neutrófilos, migram para áreas do organismo com maior concentração da proteína IL-8, que aumenta em número durante infecções. Novas pesquisas buscam descobrir aspectos mais físicos desse movimento.

Entender como o câncer se movimenta para fazer metástase envolve desvendar segredos da migração celular e os fluidos envolvidos (Imagem: National Cancer Institute/Unsplash)
Entender como o câncer se movimenta para fazer metástase envolve desvendar segredos da migração celular e os fluidos envolvidos (Imagem: National Cancer Institute/Unsplash)

Células, fluidos e câncer

Um exemplo são as células epiteliais mamárias, que formam os dutos pelos quais o leite passa no seio de mamíferos. Elas migram para áreas mais rígidas quando expostas a superfícies de rigidez variável. Após descobrir a influência da água e da pressão hidráulica na migração celular, cientistas da Universidade Estadual de Nova York descobriram que células do câncer de mama se movimentam mais rápido a partir do fluxo e viscosidade dos fluidos ao seu redor.


Participe do GRUPO CANALTECH OFERTAS no Telegram e garanta sempre o menor preço em suas compras de produtos de tecnologia.

Nossas células corporais são influenciadas por fluidos o tempo todo, líquidos com todo tipo de propriedade física. Há, por exemplo, água entrando e saindo de células o tempo todo, fazendo que inche ou se contraia, o que causa sua movimentação pelo organismo. O quão viscoso ou espesso o fluido vai ser depende do órgão, ou do quão saudável ele está: as células cancerosas apresentam fluidos mais viscosos do que as células de tecidos saudáveis.

Comparando o movimento de células do câncer de mama em ambiente controlado, os pesquisadores descobriram que canais mais viscosos aumentam a velocidade do tumor em até 40%, algo surpreendente — afinal, o esperado é que o contrário acontecesse. Se movimentar em uma banheira de amido é bem mais difícil do que em uma piscina cheia de água, não é?

Ao contrário de nós, que nos movimentamos melhor na água, as células ficam mais rápidas em fluidos viscosos, explicando a migração do câncer, ou metástase, por tecidos doentes (Imagem: Duallogic/Envato Elements)
Ao contrário de nós, que nos movimentamos melhor na água, as células ficam mais rápidas em fluidos viscosos, explicando a migração do câncer, ou metástase, por tecidos doentes (Imagem: Duallogic/Envato Elements)

A dinâmica das células, no entanto, é diferente. Estudando as moléculas envolvidas, descobriu-se que fluidos viscosos fazem com que filamentos de proteína chamados de actina abrem canais na membrana celular, aumentando a quantia de água absorvida. Ao se expandir, outro canal é ativado, responsável por absorver íons de cálcio. Eles ativam o filamento da miosina, que faz as células se movimentarem, uma mudança estrutural complexa que aumenta sua força e permite quebrar a resistência do fluido.

E não para por aí — as células guardam uma espécie de memória após o contato com fluidos viscosos, então mesmo indo para ambientes mais líquidos, elas continuam se movendo mais rapidamente. Embora não tenham descoberto como isso acontece, os pesquisadores ainda testaram o fenômeno em animais. Em roedores e galinhas, células do câncer de mama humano se moveram mais rápido e viajaram entre tecidos com maior facilidade após passarem alguns dias em ambientes mais viscosos.

Entender processos como esse permitirá desenvolver, no futuro, formas melhores de tratar e detectar câncer antes que faça metástase, como técnicas de imageamento e análise que determinem a resposta celular a diferentes viscosidades. Pacientes da doença não costumam morrer do tumor de origem, mas sim a partir de seu espalhamento para outras partes do organismo.

Trending no Canaltech:

Fonte: Canaltech